‘Sapo’ é líder de um grupo criminoso e teria autorizado homicídios no presídio.
A Polícia Civil, Militar e Penal deflagraram a Operação ‘Queda Livre’, nesta sexta-feira (29) contra a quadrilha de um homem conhecido como ‘Sapo’, atualmente preso no Presídio Federal de Mato Grosso do Sul.
A operação, que ocorreu um dia após a transferência de ‘Sapo’ para MS, aconteceu em Porto Alegre, Canoas e Gramado Xavier. Onze pessoas foram presas.
Foram mais de 200 policiais cumprindo 32 mandados de busca e apreensão e de prisão preventiva.
‘Sapo’ teria autorizado homicídios, entre eles o de Jackson Peixoto Rodrigues, o Nego Jackson, dentro da Pecan (Penitenciária Estadual de Canoas) 3, no último sábado (23).
Um assassinato na zona Sul da Capital motivou a operação nesta manhã. O caso foi registrado em 22 de setembro, quando um homem de 41 anos foi alvo de disparos no bairro Cascata. A vítima foi alvejada por quatro homens, que depois fugiram em um Renault Sandero.
Horas após o fato, um dos suspeitos foi preso no bairro Lomba do Pinheiro, na zona Leste. Ele estava no interior de um imóvel, onde houve a apreensão de quatro pistolas calibre 9 milímetros, todas com numeração suprimida, além do veículo utilizado na fuga após o crime. O automóvel havia sido roubado dias antes, no Centro Histórico.
De acordo com o delegado titular da 1º Delegacia de Homicídios, Gabriel Borges, o alvo da execução no bairro Cascata era irmão de um líder de facção. A investigação também apontou que disputas por pontos de tráfico motivaram o crime, coordenado por um grupo criminoso rival ao da vítima.
Os atiradores seriam liderados por Sapo, até então preso na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas). De dentro do cárcere, ele teria contatado os comparsas por chamada de vídeo em um celular, antes e depois do assassinato.
“Ele determinou a prática do atentado e forneceu o auxílio logístico para a execução do crime, como uma casa alugada, veículo e armamento. Após a execução, os suspeitos retornaram ao imóvel e fizeram contato com o líder, para comemorar a morte do rival”, afirma o delegado Gabriel Borges ao portal Correio do Povo..
Ainda segundo o delegado, o imóvel havia sido alugado por um homem e uma mulher com dois filhos pequenos. O casal também integraria o grupo criminoso, e atuava para dissimular que o local não passava de uma residência familiar.
Protocolo contra homicídios
O diretor do Departamento de Homicídios, delegado Mario Souza, destaca que o protocolo de enfrentamento a homicídios da Polícia Civil foi instaurado contra o grupo de Sapo. A estratégia tem base na teoria da dissuasão focada, que visa influenciar criminosos para que não cometam delitos contra a vida, combinando a aplicação da lei com outras medidas, como a asfixia financeira de facções e a transferência de presos.
“Essa operação foi uma das medidas do protocolo, uma resposta a homicídios, principalmente após a morte ocorrida no presídio em Canoas. A energia das polícias agora se concentra nos responsáveis pelo crime e, também, em demais integrantes da mesma organização criminosa. Outras medidas estão e serão tomadas, até que todos sejam responsabilizados”, enfatiza Mário Souza.
Execução de Nego Jackson
Nego Jackson foi morto a tiros na Penitenciária Estadual de Canoas 3, no sábado. Ele teria sido emboscado por outros dois detentos enquanto ocorria uma conferência, que é checagem de presos, na ala de triagem.
A conferência ocorre separadamente, uma cela por vez. A porta é aberta, quem está recolhido vai ao corredor da galeria e, após averiguação, volta para dentro do recinto. Na Pecan, os policiais penais coordenam o processo de um piso superior, vigiando detentos por um chão gradeado.
De acordo com a investigação, Jackson estava na cela de número 8. Logo a frente, na cela de número 7, que fica do outro lado do corredor, havia Sapo e um jovem de 21 anos.
Após passar pela conferência e antes de voltar para a cela, Sapo teria ido até a porta de Jackson para chamá-lo. Ele supostamente alegava querer apaziguar divergências.
Jackson teria ficado próximo à entrada da cela, onde conversaria através de uma portinhola aberta. Foi então que surgiu um terceiro detento, o colega de cela de Sapo, armado.
O jovem teria inserido a arma através da portinhola. Foram efetuados 12 disparos. Uma pistola calibre 9 milímetros foi apreendida. Não é descartado que a arma tenha sido enviada por um drone.
A suspeita é que Sapo teria chamado o rival na intenção de atraí-lo à porta da cela. Isso porque, quando o atirador chegou, Jackson estava próximo da portinhola aberta, sendo um alvo fácil. O plano seria atrair e distrair a vítima, para que o atirador não errasse os tiros.
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