Segundo ele, é fundamental melhorar os indicadores de saúde, mas também reduzir as iniquidades e eliminar as barreiras de acesso – sejam elas culturais, econômicas, sociais, geográficas, institucionais ou de qualquer outro tipo.

OPAS: é preciso reduzir iniquidades em saúde e eliminar barreiras de acesso
Agentes de saúde fazem visita para prevenção e diagnóstico de hanseníase no Brasil. / Foto: OPAS

O vice-diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Jarbas Barbosa, abordou na quarta-feira (4) em Brasília (DF) os desafios para alcançar as metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) nas Américas.

Segundo ele, é fundamental melhorar os indicadores de saúde, mas também reduzir as iniquidades e eliminar as barreiras de acesso – sejam elas culturais, econômicas, sociais, geográficas, institucionais ou de qualquer outro tipo.

"A iniquidade em saúde é um problema para toda a sociedade, porque a relação entre pobreza e doença é um ciclo vicioso.

Os mais pobres têm mais risco para tudo: tuberculose, emagrecer por uma hipertensão não controlada, tudo. E assim se tornam ainda mais pobres", disse.

"Muitas vezes discutimos a contribuição dos determinantes sociais para a saúde, o que é fundamental. Mas precisamos olhar o outro lado também.

Discutir o que a saúde pode contribuir para melhorar o quadro social, fazendo com que as pessoas tenham acesso igualitário e a gente consiga reduzir as injustiças."

A apresentação foi feita durante a 16ª Mostra Nacional de Experiências Bem-Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças (Expoepi).

Organizado pelo Ministério da Saúde do Brasil, o evento ocorreu é reúniu profissionais de saúde, tomadores de decisão e outros especialistas de áreas relacionadas à saúde pública.

Outro desafio importante citado pelo vice-diretor da OPAS é a mortalidade materna. A meta global é reduzir o indicador para 70 mortes por cada 100 mil nascidos vivos.

"É muito pouco ambiciosa para a região das Américas, porque 70 a maioria dos países já têm. Uma meta global precisa levar em conta países muito pobres, que chegam a ter mortalidade materna de 200 (por 100 mil nascidos vivos)", afirmou.

Por isso, acrescentou, os Estados das Américas, ao aprovarem a agenda de saúde sustentável da região, definiram que a meta seria de 30 mortes por 100 mil nascidos vivos.

Sobre esse tema, Jarbas Barbosa citou a Regional de Saúde de Balsas como uma experiência bem-sucedida.

A área, que engloba 14 municípios do sul do Maranhão, conquistou a marca histórica de zero morte materna por mais de 400 dias.

O avanço foi alcançado por meio de uma cooperação técnica entre a Secretaria de Saúde do estado, municípios envolvidos, OPAS e Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS).

"Temos muitos exemplos como este no Brasil. Acho que a riqueza da Expoepi é trazer essas experiências. E a experiência que deu certo não é a que pegou um programa que existe há 20 anos e aplicou de olho fechado na sua realidade", afirmou o vice-diretor da OPAS.

Segundo ele, os resultados positivos são alcançados ao se adaptar estratégias baseadas nas melhores evidências científicas à realidade local.

"É olhar para sua realidade e dizer: ‘esse componente tem que ser adaptado, esse tem que ser ajustado, aqui eu tenho que fazer a mais, aqui eu tenho que fazer diferente’. ]

É essa a riqueza da descentralização em um sistema de saúde", disse.