O enigma Rafinha: meia vive incerteza em silêncio e frustra planos de Micale
A foto de Rafinha no material da CBF: jogador ainda não conseguiu / Foto: Reprodução

Como está Rafinha? O que ele pensa da disputa de posição com Renato Augusto, de jogar a olimpíada no país que que escolheu defender as cores da seleção? Está recuperado da lesão que o afastou da Copa América? Não se pode responder pelo atleta e não foi possível ainda ouvir a voz do jogador. Entre os 19 atletas que participam - somando Fernando Prass aos 18 - do grupo de Micale, o meia do Barcelona é o único que não apareceu em entrevista coletiva. Em duas zonas mistas, também não falou. O jogador é um enigma silencioso nessa olimpíada.

A experiência de futebol europeu, os títulos no currículo e o talento familiar eram credenciais óbvias na cabeça de Micale. Rafinha Alcântara foi convocado para ser um alicerce da seleção brasileira na Olimpíada. Mas os (apenas) 209 minutos de futebol jogados em 2016 e a grave lesão no joelho direito – rompeu o ligamento cruzado anterior no ano passado –, por enquanto, têm mais peso, e transformam o meia na grande dúvida da busca pela medalha de ouro.

- Rafinha é sim o caso que mais preocupa. É o jogador que passa mais tempo com fisioterapeutas e fisiologistas. Ele é o jogador que tem menos minutagem de jogo na temporada, vem de duas lesões, uma no tornozelo e uma na coxa, que exigem atenção diária. É um jogador importantíssimo que precisa dessa confiança de jogo para que ele se solte mais - disse, sem cerimônia, o preparador físico Marcos Seixas, em entrevista coletiva desta sexta-feira.

A clarividência que mostrou ao achar Luan na área no segundo tempo contra a África do Sul não aparece nas informações do dia a dia. A comissão técnica ainda avalia o jogador 19 dias depois da apresentação em Teresópolis. Na cidade na região serrana do Rio, só entrou a campo com o restante do grupo com algum atraso, no quarto dia de preparação.

Sete jogos em 2016

Com menos treinos de campo do que os companheiros, já que demorou a sair da academia na Granja Comary, Rafinha preocupa bastante a comissão técnica. Neste ano, ele disputou sete jogos, nenhum por 90 minutos. Por duas vezes ele disputou um tempo inteiro: pelo Barcelona contra o Real Sociedad e pela seleção olímpica no amistoso diante do Japão.

A avaliação dos profissionais médicos, de fisioterapeutas e dos preparadores físicos é de que ele ainda não aguenta jogar os 90 minutos de uma partida intensa como se exige os jogos olímpicos. Assim como Neymar, vem de férias, com agravante de que se recupera de lesão e cirurgia. Contra o Japão, jogou 45 minutos e exerceu bem sua função. Na estreia na Rio 2016, jogou pouco exatos 28 minutos na blitz intensa que o Brasil tentou exercer sobre os sul-africanos desde a expulsão de Mvala, aos 14 do segundo tempo.

Foi outra vítima da ansiedade da seleção, errando passes, mas procurando outra característica ao time. Na visão de Micale e companhia, o toque de bola e a cabeça pensante do filho de Mazinho, com mais fôlego que Renato Augusto para aquela função quase de segundo volante, se encaixariam melhor no time. Mas é difícil precisar ainda se ele vai estar 100% das condições nesta olimpíada. Consequentemente, que o técnico tenha confiança em usá-lo de saída.