Nos países da OCDE, mulheres graduadas são maioria, mas não em áreas técnicas
O secretário-geral da OCDE, Ángel Gurría. / Foto: EFE/EPA/Filip Singer

A porcentagem de mulheres com formação superior nos 34 países que formam a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) supera a de homens, mas elas costumem optar mais por carreiras no âmbito da educação e da saúde, e ainda são minoria nos cursos de engenharia ou de estudos científicos é o que mostra o Relatório Anual da Educação 2015 desse organismo e publicado nesta quinta-feira.

O documento, apresentado em Bruxelas (Bélgica) pelo secretário-geral da OCDE, Ángel Gurría, e pelo comissário europeu de Educação, Cultura, Juventude e Esporte, Tibor Navracsics, revela que 58% das pessoas com uma graduação ou título equivalente são mulheres, mas essa taxa um cai um pouco nos níveis mais altos de ensino, como o doutorado ou programas similares (47%). Em 2014, segundo a OCDE, havia em média três vezes mais homens do que mulheres que se graduaram em engenharia, mas existiam quatro vezes mais mulheres do que homens que concluíram os estudos superiores.

Os desequilíbrios de gênero se refletem também no mercado de trabalho e, em última instância, nos salários. Então, enquanto os graduados em engenharia, por exemplo, ganham, aproximadamente, 10% mais do que outros que têm título superior, os educadores e os com graduação em ciências da educação recebem 15% menos do que a média.

"Os resultados são instrutivos. A educação acessível de alta qualidade continua sendo um desafio para todos os países do mundo", afirmou Gurría.

O comissário de Educação, por sua vez, indicou que melhorar a eficiência, a qualidade e a igualdade da educação é "fundamental para impulsionar um crescimento inclusivo e dar a todo o mundo uma oportunidade justa de ter sucesso".

Em matéria orçamentária, a OCDE constata que os países buscam cada vez mais fontes alternativas aos fundos públicos para financiar a educação superior. Em média, esses países gastam 5,2% de seu PIB nas instituições educacionais do primário ao ensino superior, somando os gastos públicos e privados. Um terço desse desembolso é destinado ao ensino superior, onde a despesa por estudante é maior devido, entre outros fatores, ao custo dos profissionais dedicados ao ensino.

Os altos valores das matrículas podem dificultar os estudos de alguns, segundo o relatório. Alinhado a isso, cada vez mais são oferecidas bolsas de estudo e financiamentos públicos, incluindo empréstimos com condições vantajosas, uma opção que cresceu na última década.

De acordo com o levantamento da OCDE, de 2005 a 2014, a taxa de matrícula de jovens entre 20 e 24 anos nas universidades cresceu de 29% para 33% em média nos países analisados, uma tendência que, segundo o relatório, será mantida nos próximos anos.

Por outro lado, o Relatório Anual da Educação 2015 conclui que os imigrantes têm menos chances de cursar todos os níveis da educação. Em muitos países que fazem parte do organismo, a porcentagem de adultos que não completou o ensino médio é maior entre os imigrantes.

Outro aspecto apresentado pelo relatório é que de cada dois estudantes menos de um consegue se formar no tempo previsto de uma licenciatura.

O envelhecimento do corpo docente é outra evidência, segundo o estudo, que conclui que "o professorado envelhece já que a profissão não atrai adultos jovens". De fato, a porcentagem de professores de 50 anos ou mais dando aulas no ensino médio cresceu entre 2005 e 2014 em 16 dos 24 países da OCDE.

Sobre a educação pré-escolar, o estudo constata um aumento geral da participação entre 2005 e 2014, que passou no caso das crianças de 3 anos de 54% a 69% nesse período e de 73% a 85% no caso das crianças de 4 anos.

Por fim, a OCDE afirma que, apesar da recessão econômica de 2008, a despesa por aluno aumentou em todos os níveis de educação na média de países analisados. Entre 2008 e 2013, a despesa real por estudante aumentou 8% no primário e no ensino pós-secundário não universitário e 6% no ensino superior. No entanto, a crise financeira teve impacto nos salários dos professores, que foram congelados ou reduzidos em muitos países entre 2009 e 2013 e que agora começaram a subir.