Pesquisa divulgada hoje pelo Procon mostra que maioria das empresas de Dourados vende gás de R$ 70 a R$ 75

Nem Gaeco acaba com cartel e maioria vende gás pelo mesmo preço

Nem mesmo a Operação "Laisse Faire", desencadeada no dia 27 de março deste ano pela Promotoria de Justiça com apoio do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), conseguiu estabelecer uma diferença de preço do gás de cozinha em Dourados, cidade a 233 km de Campo Grande.

Apesar de oito empresários da cidade terem sido presos e transformados em réus por cartelização, a maioria dos revendedores continua cobrando preço bem semelhante pelo botijão de 13 quilos, segundo pesquisa do Procon divulgada hoje (8), 41 dias após a operação.

Feita em 14 estabelecimentos de Dourados, a pesquisa revela que o menor preço do gás com entrega em domicílio é de R$ 70 e o maior de R$ 78. A diferença entre o menor preço e o maior para entrega em domicílio é de 11,4%. Foram encontrados sete estabelecimentos vendendo o gás por R$ 75 e quatro estabelecimentos vendendo a R$ 70.

Segundo o Procon, o preço médio do gás praticado em Dourados é de R$ 73,78. Em relação ao preço médio encontrado na pesquisa feita em fevereiro deste ano – R$ 74,17 – ocorreu queda de 0,52%.

Cartel – Menos de um mês após a operação, o juiz da 1ª Vara Criminal de Dourados Luiz Alberto de Moura Filho aceitou a denúncia do Ministério Público e transformou em réus os 11 comerciantes de Dourados, Nova Andradina e Campo Grande, acusados de montar o cartel para controlar a venda e o preço do gás de cozinha em várias cidades do interior.

Com a decisão do magistrado douradense, tornaram-se réus por crime contra a ordem econômica, cartelização de preços e organização criminosa Márcio Sadão Kushida, Edvaldo Romera de Souza, César Meirelles Paiva, Rubens Pretti Filho, Mauro Victol, Gregório Artidor Linné, Josemar Evangelista Machado, Daiane Lazzaretti Souza, Rogério dos Santos de Almeida, Diovannna Rossetti Pereira e Hamilton de Carvalho Rocha.

Diovana Rosseti Pereira é gerente da distribuidora Copagaz em Campo Grande e Hamilton de Carvalho Rocha é gerente da distribuidora da Ultragaz, também na Capital. Rogério Almeida é dono de uma distribuidora de gás de Nova Andradina. Os outros nove réus são de Dourados.

Além de acatar a denúncia, o juiz aceitou o pedido de compartilhamento das provas levantadas – incluindo gravações de conversas telefônicas entre os envolvidos – para que os dados sejam encaminhados para o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), ANP (Agência Nacional do Petróleo) e ao Procon, para instauração de procedimentos administrativos.

Dois empresários permanecem presos: Rubens Pretti Filho e Mauro Victol, flagrados também por porte ilegal de arma. Segundo o MP, os dois eram os mais atuantes nas ameaças e coações para fazer valer as normas do cartel.