Plataforma mostra que esses produtos estiveram mais baratos antes do dia promocional.

Na internet, 31 mil anúncios não valiam a pena durante a Black Friday
Movimento no Centro de Campo Grande na Black Friday. / Foto: Bruno Henrique/Correio do Estado

Monitoramento do e-commerce durante o período de ofertas da Black Friday reforça a necessidade do consumidor tomar cuidado para não ser enganado. De 39.167 ofertas analisadas entre os dias 28 e 29 de novembro, somente 19,72% realmente tinham os menores preços dos últimos 30 dias. Isso quer dizer que 31 mil anúncios não valiam a pena porque os produtos estiveram mais baratos antes da sexta-feira de descontos.

Esses foram os resultados das pesquisas feitas em uma plataforma desenvolvida por uma startup de Campo Grande, a Black ou Fraude. Nela, os clientes colam o link dos itens com os supostos descontos e o site informa de graça se compensa ou não comprá-los.

Além de garantir os melhores negócios, evita a estratégia adotada por alguns comércios online de aumentar os valores pouco antes da Black Friday para depois voltá-los ao normal como se fossem promocionais.

Outro ponto interessante, conforme o Black ou Fraude, é que 13 mil produtos, embora não estivessem mais baratos, compensavam somente porque o frete saía de graça.

PERFIL DE QUEM COMPRA

De modo geral, consumidores estão mais atentos às armadilhas e golpes comuns no período de descontos. Além de buscarem meios para se prevenir quanto às falsas promoções, venda casada e tantas outras violações à lei, a população aos poucos vai perdendo o medo de denunciar as irregularidades.

O portal Reclame Aqui, por exemplo, recebeu 27% mais relatos de sul-mato-grossenses entre a quarta-feira (27) e domingo (1º) em comparação com o mesmo período do ano passado. Somente na sexta-feira (29) 44 pessoas entraram no site para contar seus problemas e algumas receberam retorno das lojas interessadas em resolvê-los.

A quantia em si é baixa, mas o que chama a atenção do Procon é o crescimento. “Além de denunciar, o consumidor também está pesquisando mais, buscando mais informações para se precaver”, afirma o superintendente do órgão, Marcelo Salomão.

Ele e sua equipe atenderam 800 casos somando os atendimentos via WhatsApp e no posto presencial montado no Centro de Campo Grande.

“Foram duas irregularidades campeãs de reclamações. Primeiro, o não cumprimento da oferta. Teve um caso de uma pessoa que comprou um celular, só que o produto que ela levou tinha menos memória do que o que estava anunciado no cartaz. Ela nos procurou e na hora fomos na loja e resolvemos. Outra coisa foi a venda casada em lojas que só cobriam o preço da promoção se a pessoa adquirisse também a garantia estendida ou usasse o cartão da loja, o que não pode”, explica Salomão.

Passada a sexta-feira, os campeões de reclamações relacionadas à Black Friday foram casos de produtos comprados com preço menor, mas que estavam com defeito.

O superintendente do Procon também afirma que pequenos comerciantes também estão mais atentos para não cometer irregularidades que muitas vezes podem manchar a imagem de suas empresas.

“Atendemos vários pequenos fornecedores perguntando como deviam proceder. Isso foi muito bacana. Mostra o respeito com o sistema de defesa do consumidor e a preocupação de fidelizar o cliente. Aumentaram bastante essas consultas”, disse ao Correio do Estado.