O Ministério Público Federal (MPF), em Dourados, distante 214 quilômetros de Campo Grande, instaurou inquérito para investigar a responsabilidade administrativa e civil de empresas envolvidas em suposto esquema de exportação fictícia que movimentou R$ 400 milhões.

Esta é a segunda fase de investigação da operação Bumerangue, que já resultou no indiciamento de 10 pessoas, entre elas dois servidores públicos da Receita Federal de Ponta Porã. Os demais são empresários e gerentes de transportadoras.

O G1 tentou entrar em contato com a Receita Federal, em Campo Grande, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem. De acordo com o MPF, os servidores da Receita Federal inseriam informações falsas no sistema e liberavam os caminhões que nem estavam presentes fisicamente no pátio da aduana.

Os acusados vão responder pelos delitos de organização criminosa, formação de quadrilha, inserção de dados falsos em sistema informatizado público, contrabando e facilitação para o contrabando.

Segundo a assessoria do MPF, os delitos começaram em 2009, na aduana Brasil-Paraguai de Ponta Porã, com fraudes na emissão de guias de exportação para cargas brasileiras, que tinham como destino cidades paraguaias. A maioria das cargas eram produtos siderúrgicos e eram desviadas para cidades de estados como São Paulo e Santa Catarina.

O grupo também realizava importação de siderúrgicos do Paraguai, mas com nota fiscal e documentação de produtos brasileiros, para não pagar impostos. A investigação do MPF apontou que estavam envolvidas no esquema empresas paraguaias registradas e de fachada, além de organizações brasileiras de exportação, siderúrgicas e transportadoras.

A investigação é baseada na Lei Anticorrupção que prevê multas que podem chegar a 20% do faturamento bruto da empresa ou a R$ 60 milhões. Os empresários envolvidos também podem perder os bens e valores conseguidos irregularmente. Além disso, pode ser determinada a suspensão ou interdição parcial das atividades e até o fechamento da empresa.

Ofícios às empresas investigadas foram expedidos para solicitar informações sobre procedimentos internos de controle e auditoria das firmas.