Enquanto a Scotland Yard ainda estuda em abrir o seu Museu do Crime (conhecido como o Museu Negro) para o grande público — atualmente só convidados podem visitar — os londrinos vão poder dar uma espiada em uma pequena parte dos 20 mil objetos que formam o acervo do local, que existe há 140 anos. Em outubro, uma mostra inédita será exposta no Museu de Londres.

Entre as peças, as cordas utilizadas para enforcar Peter Anthony Allen e Gwynne Owen Evans, as duas últimas pessoas a terem a pena morte aplicadas no Reino Unido. Eles morreram em 13 de agosto 1964, executados após serem considerados culpados pelo homicídio de John Alan West.

O famoso caso de os irmãos Alfred e Albert Ernest Stratton — que foram os primeiros homens condenados por homicídio no Reino Unido a partir de provas de uma impressão digital, em 1905 — serão representados pelas máscaras caseiras que eles usavam e deixaram cair no local do crime.

Objetos usados por John George Haighs, conhecido como “O assassino do banho de ácido” — que usou o produto para dissolver os corpos de seis vítimas — também estarão na mostra, como um par de luvas pretas, cálculos renais e uma bolsa vermelha que pertenceu a milionária Olive Durand-Deacon, a última pessoa que ele matou.

— Esses objetos são testemunhos de gerações de crimes, e cada um tem uma história para contar — disse a curadora, Jackie Keily, ao jornal “The Guardian”. — Não queremos usar como voyeurismo, mas contar o lado humano, não somente as atrocidades, mas os detetives que investigaram os casos, as vítimas ou suas famílias.

DE CREME PÓS BARBA A FRAGMENTOS DE BOMBA

Talvez seja por isso que algumas peças que serão expostas são insólitas, para não chamá-las de banais. É o caso de uma lata de sal de frutas, uma loção pós-barba ou uma caneca, que pertenceram a Ronald Biggs e seus comparsas, que protagonizaram um dos roubos mais famosos da história do Reino Unido. Em 1963, eles assaltaram o trem pagador que ia de Glasgow, na Escócia, para Londres. Cerca de £2.600 milhões foram levados. Biggs, apelidado como o ladrão do século XX, foi preso e condenado, mas fugiu da penitenciária em 1965. Ele foi encontrado apenas em 1974, no Brasil, mas como não havia acordo de extradição entre os dois países ele permaneceu em liberdade até se entregar à polícia britânica em 2001, quando voltou para Londres.

Haverá também uma sessão dedicada ao terrorismo, incluindo fragmentos de uma bomba do grupo nacionalista irlandês fenianos, que atuavam no século XIX pela independência da Irlanda.