Para quem não se enquadra no grupo de risco da doença, a saída é enfrentar filas e até lista de espera na rede particular

Mortes por influenza causam corrida a clínicas da Capital em busca de vacina

Com três mortes por gripe confirmadas em Mato Grosso do Sul e a suspeita de uma quarta vítima –um bebê de apenas três meses–, uma verdadeira corrida a clínicas particulares em busca de vacinas contra o vírus causador da influenza é registrada em Campo Grande. Para se proteger, quem está fora do grupo de risco enfrentam filas nas ruas e até lista de espera com mais de 200 pessoas.

Essa foi a situação que o Campo Grande News encontrou em três clínicas da Capital. Na Vaccini, localizada no bairro Chácara Cachoeira, a fila para receber a vacina contra as infecções causadas pelo vírus influenza ultrapassou a recepção e se concentrou na calçada.

Segundo informações da clínica, por dia, são atendidas cerca de 600 pessoas, que pagam R$ 160 pela dose da vacina quadrivalente. Na Imunitá o atendimento também era intenso nesta quarta-feira (25) e os valores variam de R$ 135 para a tetravalente e R$ 85 para a trivalente.

Na clínica Vaccini Care, o primeiro lote do medicamento acabou na manhã de terça-feira (24) e o próximo chega à Capital apenas na sexta (27). Enquanto isso, uma lista de espera com mais de 200 pessoas já se formou. “A procura está muito grande”, disse uma das funcionárias do local.

Mortes - Duas mulheres e um homem já morreram no Estado vítimas da gripe A (H3N2). O primeiro caso registrado aconteceu no dia 17 de março, em Campo Grande. A paciente, uma mulher de 58 anos, não era vacinada e sofria de diabetes e hipertensão.

No dia 19 deste mês houve o segundo caso foi confirmado, também na Capital, quando um homem de 44 anos morreu. A vítima procurou socorro no posto de saúde da Coophavila II pela primeira vez no dia 11, mas “fugiu” da unidade de saúde após um diagnóstico prévio de infarto. No dia 16 ele voltou a ser internado, agora no Hospital Universitário, reclamando de dores no peito. Ele não resistiu.

A advogada Mônica Reis, de 30 anos, morreu no dia 19, apenas 15 minutos depois de chegar a Santa Casa de Naviraí, cidade a 366 quilômetros de Campo Grande. A causa da morte pelo virús H3N2 só foi confirmada no dia seguinte, após resultado divulgado pelo Lacen (Laboratório Central de Saúde Pública de Mato Grosso do Sul). Ela tinha passado outras três vezes pelo hospital, com os sintomas semelhantes.

Suspeita – O bebê de três meses Arthur Miguel Gondim Sousa morreu depois de sofrer parada cardiorrespiratória na tarde de segunda-feira (23) na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Coronel Antonino. Suspeita-se que ele seja a quarta vítima do vírus da gripe neste ano no Estado. Material biológico foi colhido para verificar as causas da morte.

No ano passado, seis pessoas morreram com gripe –três foram diagnosticadas com o vírus A (H3N2). Em 2016, foram 103 mortes registradas.

Conforme o último boletim epidemiológico, divulgado na quarta-feira (18), 124 casos de SRAG (Síndrome Aguda Respiratória Grave) foram registrados no Estado até o dia 17. Por enquanto, há 11 casos confirmados – 3 de influenza A (H1N1), 6 de influenza A (H3N2) e 2 de influenza B.

Vacinação – Na rede pública de saúde, a campanha de vacinação contra a gripe começou nesta terça-feira. Em Campo Grande, as doses estarão disponíveis apenas nas 67 unidades básicas.

Segundo a SES (Secretaria Estadual de Saúde) a meta no Estado é vacinar 90% dos integrantes dos grupos de risco, que são: crianças de 6 meses a menores de 5 anos, gestantes, puérperas (mulheres de resguardo), trabalhadores da saúde, professores, povos indígenas, pessoas com mais de 60 anos, adolescentes e jovens de 12 a 21 anos de idade sob medidas socioeducativas, presos e funcionários do sistema prisional, além de pessoas portadoras de doenças crônicas não transmissíveis.