
Soa até contraditório. Ninguém nunca bateu tanto nas brasileiras no vôlei de praia como Walsh. E Walsh deixa o Brasil de sorriso aberto por nunca ter sido tão bem tratada fora de seu país como foi pelos brasileiros. Em tempos onde o comportamento da torcida nos Jogos do Rio é colocado em xeque, a tricampeã olímpica acostumou-se a ser ovacionada na Arena de Copacabana. A vitória sobre Larissa e Talita valeu o bronze, foi a quarta sobre brazucas na história da Olimpíada, mas não dá. Walsh não sai de quadra como vilã.
Como se não bastasse o impacto inquestionável de seu talento dentro de quadra, Walsh cativa pelo carisma. Cada saque vem acompanhado da reverência pela voz do locutor oficial: "Agora, a rainha". Vilão contra duplas brasileiras em quatro oportunidades em três Olimpíadas diferentes, ela rebate qualquer olhar desconfiado com uma simpatia cativante:
- Esse país sempre foi muito carinhoso e generoso comigo. Eu não sei o motivo. Eu amo isso e respeito muito a todos. Amo o que tenho aqui e gostaria que todos soubessem que sou muito grata. É único. Não conheço outro atleta que vá para fora e receba tanto. É incrível.
Walsh parece ser tão feliz que não há espaço para frustração. Mesmo depois de três ouros consecutivos com a ex-parceira, Misty May, a veterana de 38 anos estava radiante com o terceiro lugar no Brasil:
- É a mais saborosa (medalha) da minha carreira como atleta. Quando você disputa a medalha de ouro, é mais fácil. Você já tem uma medalha. Claro que você quer o ouro e busca isso. A semifinal foi muito desafiadora, mas a disputa do bronze foi o jogo mais difícil que joguei na minha vida. Ou você leva para casa uma linda medalha ou volta sem nada, depois de quatro anos de luta diária. Estou muito honrada e orgulhosa por levar essa medalha para o meus país. É especial.
A participação no Brasil não está definida como a saideira olímpica da americana. Depois de 12 anos como rainha nos Jogos, Walsh promete pensar sobre encarar ou não o próximo ciclo para Tóquio 2020. Todo carisma e simpatia seriam bem-vindos no Japão.
Olá, deixe seu comentário!Logar-se!