Militar de MS encontra doador de medula após campanhas na web
Michel se considera ganhador da loteria. / Foto: Reprodução/TV Morena

Ganhador da loteria. Assim que o jovem Michel Maruyama Gomes, de 32 anos, se sente há pouco mais de uma semana, quando recebeu a notícia de que um doador de medula óssea compatível foi localizado. A vida do militar, nascido em Campo Grande, mudou há pouco mais de um ano, quando ele recebeu diagnóstico de leucemia.

Nesta quarta-feira (8), Dia Mundial de Combate ao Câncer, Michel comemora a novidade. “Diante das estatísticas de 1 [doador compatível] para cada 100 mil habitantes, penso que posso me considerar um ganhador da loteria. Ganhei uma nova vida”, disse Michel ao G1.

A boa notícia chegou no último dia 1º de abril, quando a família recebeu a confirmação de que um doador 90% compatível tinha sido localizado pelo banco de doadores do Instituto Nacional do Câncer (Inca). O transplante de medula óssea está marcado para a quinta-feira (9), em Curitiba (PR), onde o rapaz faz tratamento da doença.

Em entrevista ao G1, pela internet, o militar contou que descobriu a doença em março de 2014, às 23h30 de uma sexta-feira, após sintomas de anemia e cansaço exagerado. Ele lembra que os primeiros sentimentos foram medo e incerteza.

“E agora, o que vem pela frente? Mas, me lembrei de uma frase que diz: ‘Coragem é fazer aquilo que é necessário ser feito apesar do medo que se tem’. Então fui respirando, me acalmando e começando a pensar no que teria que fazer. Era o início de uma longa jornada. [...] Só avisei meu pai e minha irmã no dia seguinte pela manhã. Avisar a família e os amigos foi mais difícil que receber a notícia, pois ainda hoje um diagnóstico de câncer soa como sentença de morte. Aos poucos fui me fortalecendo”, relembra.

Ele conta que, inicialmente, existia a chance de cura pela quimioterapia, mas no segundo mês um exame apontou a necessidade do transplante de medula. A ideia da campanha surgiu enquanto Michel aguardava resultados de exames de compatibilidade com o pai e a irmã.

“Em conversas com a família percebemos a falta de informação das pessoas sobre o assunto e decidimos montar uma campanha numa rede social para informar os familiares e amigos sobre o assunto. Assim começou a campanha #tamojuntomichel!”, explicou.

As campanhas em redes sociais e internet tinham o objetivo de orientar a população sobre a importância e a forma de fazer o cadastro de medula óssea.

O militar que morou também no Rio de Janeiro e em Brasília mobilizou amigos e familiares em várias cidades brasileiras, onde campanhas para cadastro de medula foram feitas.  A corrente do bem ganhou apoio de personalidades e famosos, como os cantores Luan Santana, Zezé de Camargo e o jogador de futebol David Luis.

Na página na internet são postadas informações sobre o procedimento de doação de medula e dados sobre a doença no país, além de relatos do próprio Michel durante o tratamento da doença.

“A página Tamo Junto Michel reúne esses dados e transmite uma realidade que a maioria das pessoas desconhece, independente de nível de escolaridade”, explicou.

Superação

O jovem lembra que nos momentos difíceis do tratamento, as experiências em acampamentos e missões do exército o ajudaram a ter forças para lutar.

“Quando estava exausto, olhava para o lado e via o cansaço de outros companheiros. Nessa hora esquecia de mim, renovava minhas forças e começava a ajudá-los da maneira que era possível, porque quando você enxerga a dor do próximo, esquece da sua própria dor. Nossa intenção com a mobilização da campanha era que pelo menos uma pessoa encontrasse seu doador compatível, que fosse eu ou qualquer paciente, isso faria tudo valer a pena”, refletiu.

Mas, o resultado foi melhor que o esperado, garante Michel. Segundo ele, durante quase um ano de campanha outros doadores compatíveis foram encontrados. “Me senti muito feliz, agradecido e realizado por ter contribuído um pouco com alguém numa situação de risco de vida como o tratamento de leucemias, linfomas e outras doenças”, relatou.

Feliz com a proximidade do transplante de medula, Michel ressalta que o importante durante o tratamento é ter fé e não desanimar, mesmo dia das dificuldades. Para pessoas que passam pelo mesmo momento, o militar deixa um recado.

“Nunca desistam. Por mais difícil que estiver a situação, acredite que ela pode melhorar e que as coisas irão se resolver. A cura é um longo processo e tem diversos caminhos, mas sempre chega no melhor lugar que precisamos estar. Fé sempre”, finalizou. A campanha para cadastro de doadores continua.