Mercadinho Pedagógico, proposto por professora, contribuiu na diminuição de evasão escolar

Professora efetiva na rede municipal de Anastácio, desde 2022, Rosilene dos Reis Rocha enfrentava desafios em relação ao desempenho de seus alunos, na Escola Municipal Alcebíades Alves de Albres. Entre eles, alto índice de evasão escolar e baixa adesão dos pais às reuniões escolares.
As dificuldades em manter o interesse dos alunos pela escola têm um motivo: as turmas são compostas por alunos com pouca estrutura familiar. Segundo Rosilene, são crianças de periferia, que vivem situações complexas em casa, afetando, assim, seus desempenhos na escola
“Ali é uma escola de periferia, as crianças têm muita dificuldade e quando você para para ouvir a história deles, quando alguns pais vão até a unidade escolar para conversar com a gente, você vê que são situações muito amplas, muito complexas que essas crianças vivem”, explica a professora.
Dessa forma, precisou precisou pensar em uma estratégia para contornar a situação. A solução encontrada? Criar um mercadinho com dinheiro ficitício para que os alunos do 3º ano pudessem exercitar as contas básicas. Além de avançarem na matemática, os alunos de Rosilene ficaram mais assíduos nas aulas e até mesmo os pais estão agora mais participativos.
O projeto funciona da seguinte forma: em cada atividade escolar desenvolvida pelas crianças, a professora distribui notas de dinheiro fictício. As cédulas são usadas, ao fim da semana, para serem trocadas em gostosuras, que a própria professora leva à escola.
“Uma vez na semana, eu levo bolachinha, salgadinho, bala, pirulito, sorvetinho desses de docinho de leite, paçoquinha, para eles comprarem”, conta Rosilene. Até mesmo bolo fez a alegria da criançada na dinâmica do mercadinho.
Guloseimas do Mercadinho Pedagógico. (Arumi Figueiredo/Arquivo Pessoal)
Projeto diminuiu evasão escolar
Não somente as atividades desempenhadas em sala de aula dão direito às cédulas de brincadeirinha, mas também a frequência na escola. Dessa forma, os alunos estão cada vez mais assíduos nas aulas, e comparecem, até mesmo, quando têm motivos maiores para faltar.
“Eu sempre coloco para eles assim, por exemplo: ‘Olha quem não tiver nenhuma falta esta semana, vai ganhar 50 reais’. Eles não querem faltar! Inclusive, eu já tive aluno que estava doente, gripado e com febre, e ele fazia a mãe levar na escola porque não podia faltar”, conta Rosilene.
Outro problema sanado foi a adesão dos pais às reuniões escolares. Isso porque os alunos ganham cédulas para usarem no mercadinho, caso os pais compareçam a escola para acompanharem o rendimento dos filhos. “Eles ficam mesmo no pé cobrando: ‘O senhor tem que ir lá’. No final do primeiro bimestre só faltaram dois pais na reunião e, mesmo asism, eles estavam doentes e mandaram áudios me explicando”, afirma.
Professora Rosilene criou Mercadinho Pedagógico com dinheiro fictício para os alunos. (Arumi Figueiredo/Arquivo Pessoal)
O projeto contou com a apoio da coodenadora e diretora da escola, Luciane Almeida de Lima Silva e Patrícia Areco de Souza, respectivamente. Todos na escola perceberam a resultado positivo da iniciativa de Rosilene, tanto que uma nova turma de reforço escolar passou a ser ofertada na escola.
“Se eu não tivesse esse apoio da minha diretora e coordenadora, eu não conseguia avançar. Você vê que os profissionais também estão mais presentes, buscando a gente hoje na questão da evasão escolar, por exemplo. Eu praticamente não tenho mais [casos de evasão]. Você vê que é reflexo do projeto que está sendo desenvolvido”, afirma.
Projeto contribuiu com alunos no inverno
Além de todos os benefícios que o projeto rende aos alunos na vida escolar, o dinheirinho fictício foi aplicado em um bazar de roupas de inverno. Sabendo que o período de frio traz certa vulnerabilidade para as crianças da escola e sua família, a professora e toda equipe pedagógica se uniram na arrecadação de luvas, casacos, e demais ítens de inverno.
Com a mesma proposta do mercadinho, as crianças podiam “comprar” as roupas doadas e levarem para mais membros de suas famílias. “Não tinha roupa só na numeração deles, tinha numeração maior, numeração menor”, explica Rosilene.
“Para eles existe esse senso mesmo de que estão comprando. [Falam] ‘Professora, olha, eu vou comprar essa camiseta para o meu pai! Professora, olha, eu comprei esse par de meia!’. Os olhos deles brilham porque eles conseguiram comprar um par de meia, uma touca, uma luva”, conta.
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