Estado teve um aumento na porcentagem das áreas consideradas graves no mês de julho e agosto.

Mato Grosso do Sul tem seca pior do que a região Nordeste do Brasil
De acordo com o Cemtec, até o mês de outubro não ocorrerão chuvas significativas em Mato Grosso do Sul. / Foto: Álvaro Rezende/Correio do Estado

Mesmo com o alívio momentâneo que a chuva trouxe nos últimos dias, Mato Grosso do Sul se tornou um dos estados que mais sofreu com a seca em 2020, superando até mesmo a região Nordeste do País. 

Segundo dados do Monitor de Secas, divulgados pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico, assim como em julho, 100% do território do Estado registrou a seca em agosto, com aumento na porcentagem das áreas consideradas graves, de 47,44% para 53,15%.  

Mato Grosso do Sul ainda apareceu na lista dos estados que mais tiveram o agravamento da seca entre os meses de julho e agosto, apenas a área de seca moderada caiu em agosto, de 52,56% para 46,85% do território, já a área com seca extrema permanece no patamar de 1,28%. 

MENOS CHUVA
As informações são ainda mais significativas se comparadas ao ano de 2019. De acordo com dados do Centro de Monitoramento do Tempo e Clima do MS (Cemtec), em julho do ano passado, por exemplo, choveu 46,40 milímetros em Campo Grande, enquanto neste ano no mesmo período foram apenas 4 milímetros de precipitações.

A diferença também foi grande na cidade de Brasilândia, recorde de chuva do Estado em 2019, de 87,20 milímetros para nenhuma precipitação registrada em 2020.

“A nossa severidade em relação à seca está mais alta do que em grande parte da região Nordeste”, confirma a coordenadora do Cemtec, Franciane Rodrigues.

Segundo a pesquisadora, o período sem chuvas é atribuído ao fenômeno natural La Niña, que diminuiu a temperatura da superfície das águas do Oceano Pacífico Tropical Central e Oriental.  

“Desde maio, estamos percebendo os impactos do La Niña, apesar de ser oficialmente confirmado pela Noaa [National Oceanic and Atmospheric Administration] em 10 de setembro”, explica a coordenadora.

O fenômeno foi capaz de influenciar em diversas mudanças climáticas, principalmente relacionadas aos padrões de chuva e temperatura ao redor da Terra. 

“O La Niña normalmente traz mais chuvas para as regiões Norte e Nordeste, e estiagem para a região Sul do Brasil. Se observarmos no mapa do Monitor de Secas, Santa Catarina e Paraná estão com seca moderada e grave, assim como em Mato Grosso do Sul. Julho e agosto já são meses em que chove pouco mesmo, mas esse ano houve uma dificuldade maior de frentes frias passando, logo, as áreas de instabilidades não chegaram aqui com tanta frequência, resultando nesta estiagem”, pontua.