Presidente e primeira-dama estariam insatisfeitos com o modelo atual, mas alto custo e ano eleitoral são obstáculos.
Em um momento de crescente discussão sobre os gastos públicos, o presidente Lula considera a aquisição de um novo avião presidencial. A ideia enfrenta resistência devido ao custo estimado entre R$ 1,4 bilhão e R$ 2 bilhões, especialmente em um ano pré-eleitoral, conforme informações apuradas pelo jornal O Globo.
A proposta orçamentária para a nova aeronave deve ser apresentada a Lula no início de 2026. Paralelamente, o Ministério da Defesa e a Aeronáutica estão finalizando a fase de cotação de preços. A motivação para a substituição surge da insatisfação de Lula e da primeira-dama, Janja, com as condições do avião atualmente em uso, um Airbus A319CJ, apelidado de "AeroLula".
O presidente almeja uma aeronave com maior autonomia para viagens internacionais, equipada com espaços adequados para reuniões, uma área VIP e um quarto mais confortável para o casal. Contudo, o Comandante da Aeronáutica, Marcelo Kanitz Damasceno, tem expressado dificuldades em encontrar aeronaves que atendam a todas essas exigências específicas no mercado internacional.
Um dos maiores desafios é a escassez de modelos disponíveis com esse padrão, o que pode estender o processo de aquisição por vários meses, devido à necessidade de adaptações personalizadas. A produção global de aeronaves destinadas a chefes de Estado não acompanha a demanda, forçando a Aeronáutica a recorrer a corretores especializados em diversos países para encontrar fabricantes capazes de cumprir os critérios estabelecidos pelo Palácio do Planalto. A compra será realizada por meio de licitação.
Histórico de Problemas com o Aerolula
A decisão de Lula ocorre após alguns incidentes com o atual avião presidencial. Em outubro de 2025, no Pará, uma falha no motor antes da decolagem forçou a comitiva presidencial a trocar de aeronave. Outro incidente ocorreu em março, quando o "AeroLula" precisou arremeter durante a aterrissagem no Aeroporto de Sorocaba, devido a fortes ventos.
Em outubro de 2024, o "AeroLula" já havia sofrido uma pane no México, com uma falha em uma das turbinas, obrigando a aeronave a voar em círculos por quase cinco horas para consumir combustível e garantir um pouso seguro. Na época, Lula relatou ter se sentido em risco de morte. Atualmente, o "AeroLula" opera com uma turbina alugada, e a previsão é que dois novos equipamentos sejam entregues em janeiro para renovar os motores.
Custos e Implicações Políticas
A equipe do governo também está atenta ao possível desgaste político de um gasto tão elevado em ano eleitoral. A compra, se concretizada, provavelmente ocorrerá no segundo semestre, período de campanha, o que poderia gerar críticas, especialmente se Lula optar por disputar a reeleição.
Além disso, aliados consideram o impacto nos custos das viagens eleitorais, que são pagos pelo PT. Um avião mais moderno poderia aumentar essas despesas, já que Lula só pode utilizar aeronaves da FAB, acompanhado do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), mesmo em período eleitoral. O partido precisa ressarcir o governo pelos custos e declarar esses gastos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
A possível aquisição também coincide com um momento de insatisfação dos militares em relação ao orçamento das Forças Armadas. Para o próximo ano, o orçamento da Defesa é de R$ 141 bilhões, com R$ 107,9 bilhões destinados a despesas com pessoal. Um gasto adicional com o avião presidencial poderia exacerbar essa insatisfação.











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