Bebê foi liberada na manhã desta segunda-feira; Mel deixou unidade intensiva na semana passada. Irmãs ficaram unidas pela cabeça por 10 meses.

Lis, uma das gêmeas siamesas separadas por cirurgia, recebe alta da UTI
Gêmeas Lis e Mel se reencontram pela primeira vez depois de cirurgia inédita em Brasília / Foto: TV Globo/Reprodução

A família das gêmeas siamesas separadas por uma cirurgia inédita no Distrito Federal recebeu nesta segunda-feira (27) a notícia que tanto aguardava: as duas meninas – que completam um ano no próximo sábado (1º) – receberam alta da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital da Criança de Brasília.

Lis, que ainda permanecia na UTI, foi transferida para a enfermaria na manhã desta segunda. A irmã dela, Mel, já tinha sido liberada na última terça-feira (23).

O avô das meninas, Edilson Neves, confirmou a informação ao G1 e disse que Lis ficará em um quarto, ao lado da irmã. Segundo ele, as meninas deverão permanecer pelos próximos dias na enfermaria.
"Antes, a família já pedia para ter as duas juntas. Agora, acredito que vai ficar bem mais tranquilo para todos, uma vez que as duas estarão no mesmo quarto."
 
No dia que Mel recebeu alta, as irmãs se viram pela primeira vez desde o procedimento.

O avô das gêmeas disse ainda que "agora será mais fácil o cuidado com elas". Edilson explicou que Lis ainda precisará tomar antibióticos. Já Mel, desde a liberação da UTI, vem apresentando boa evolução e já está sem o acesso venoso.

A família tem praticamente morado dentro do hospital desde a cirurgia.

Cirurgia complexa
 
Mel e Liz passaram 10 meses unidas pela cabeça, na altura da testa. A separação das gêmeas siamesas ocorreu no dia 27 de abril. A cirurgia, dividida em 36 etapas, começou às 6h30 de sábado e só terminou às 2h30 de domingo (28).

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Mais de 50 profissionais participaram do procedimento, todo feito pelo SUS, no Hospital da Criança de Brasília José de Alencar. Foi o primeiro do tipo no Distrito Federal, o terceiro no Brasil.

Segundo a equipe, não havia veias ou artérias ligando o cérebro das meninas e o processo, além de raro, exigia extremo cuidado.

No local onde os cérebros delas ficavam encostados não existia nenhuma membrana revestindo o sistema nervoso. Antes da cirurgia, a equipe colocou bolsas de silicone, enchidas semanalmente com soro, que serviram como preparação para a separação.
 
O procedimento emocionou a equipe. Parte do grupo acompanhou Lis e Mel desde a gestação.

"Tinha gente que depois da cirurgia não queria ir embora. Não tem como não se envolver", contou o neurocirurgião que coordenou a operação, Benício Oton de Lima.