O sonho de mudar o mundo através da educação é o que leva alguém a querer ser professor, e a perspectiva de baixos salários é, na maioria das vezes, o que desestimula. Mas o magistério não precisa ser sinônimo de voto de pobreza. Profissionais que optaram pela licenciatura por vocação mostram que, com esforço e dedicação, é possível ganhar bem atuando na sala de aula.

— Decidi ser professor porque tive um bom professor de língua portuguesa. Eu faço o que gosto — diz Alan Modesto, de 32 anos, que tem uma renda média de R$ 5 mil, fruto de bastante empenho: — Dou aula no estado, no município e em dois cursos.

Os melhores salários estão nas escolas privadas, nos cursos pré-vestibulares e nas universidades. Coordenador de Química do colégio pH, Pedro Cesar Fiorett diz que o valor médio pago por hora-aula nos cursinhos é de R$ 80. Sendo assim, se um professor trabalha 32 horas-aula por semana, ao fim do mês, pode chegar a um rendimento de R$ 10 mil.

— A questão da remuneração é tão falada, que as pessoas acabam perdendo o interesse numa profissão tão importante. A presença física do professor nunca vai sumir. É um dos pilares da formação de um país — defende Pedro.

A valorização da carreira é uma das promessas da presidente Dilma Rousseff, que escolheu o lema “Pátria educadora” para o seu segundo mandato. O novo piso nacional dos professores, anunciado mês passado, ainda não enche os olhos — o valor é R$ 1.917,78 — mas representa um reajuste de 13,01%, em relação a 2014. Um bom avanço.

Para quem está pensando em entrar no mercado de trabalho, é fundamental estar antenado com a tecnologia.

— Com a internet, a forma de o aluno aprender mudou radicalmente. O professor não tem mais postura de transmissor, mas de mediador — diz Luiza Portes, coordenadora do curso de Pedagogia na Universidade Veiga de Almeida.

Papel do professor

Há quatro décadas atuando na área da Educação, Luiza diz que o questionamento sobre a mudança do papel do professor surge pelo menos uma vez a cada dez anos. Mas, na opinião dela, o que causou uma grande ruptura no processo, dessa vez, foi o advento da internet.

— Tudo está disponibilizado na internet e nós temos que refletir sobre como lidar com isso. Alguns alunos me perguntam se podem consultar a internet na hora da prova, e eu digo que podem. Qual é o meu papel? É cobrar algo que ele não possa simplesmente pesquisar, que ele precise usar todo o referencial pedagógico para encontrar a resposta — diz.