Lei foi sancionada em agosto de 2006 e passou por várias melhoras nos últimos anos.

Lei Maria da Penha completa 14 anos com cerca 5,3 mil casos de violência denunciados por ano em MS
Lei Maria da Penha completa 14 anos com cerca 5,3 mil casos de violência denunciados por ano em MS. / Foto: Bruno Henrique/ Arquivo/ Correio do Estado

Conhecida popularmente como Lei Maria da Penha, em homenagem a Maria da Penha Fernandes (que sobreviveu a tentativas de homicídio realizadas por seu ex-marido, lutou pelos direitos das mulheres e a punição de seus agressores), completa 14 anos de vigência, desde sua sanção, em 7 de agosto de 2006.

Em Mato Grosso do Sul, de acordo com dados da Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) dos últimos cinco anos, cerca de 5,3 mil casos de violência doméstica são denunciados à polícia por ano.

Segundo a delegada da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), Bárbara Alves, a criação da lei trouxe um aumento positivo no número de denúncias de violência.

“Os números aumentaram porque com a intensificação de campanhas de conscientização, as mulheres passaram a ter mais coragem para denunciar seus agressores”, disse ela ao Correio do Estado.

De 2016 até este ano, 2017 foi o ano que mais apresentou registros no Estado - 6.106 ocorrências. Em 2016 foram 5.864 registro; em 2018 5.830; em 2019 foram 5.878; e de janeiro a agosto de 2020 já são 3.048 casos.

Conforme a delegada, foram nesses anos citados que a lei passou por modificações significativas, como a criminalização do descumprimento da medida protetiva de emergência.

“Quando o autor descumpria a medida protetiva de urgência ele não era preso em flagrante e muitas vezes o cara estava dentro da casa da mulher ou perturbando essa mulher e a gente não conseguia autuá-lo”, explicou.

Outras mudanças aconteceram por conta das mudanças sociais. “Incluir a preservação da intimidade da mulher como uma das descrições da violência psicológica a essa vítima”, contou ela, que também citou outras modificações no código penal para proteger as mulheres.

“Todas essas modificações foram feitas para adequar e melhorar a proteção dessa mulher que muitas vezes não tinha”, comentou.

Porém, para ela ainda há muito a ser conquistado no âmbito da violência doméstica. “A gente não vai conseguir mudar só aumentando a punição a dos agressores; a gente vai conseguir fazendo uma mudança de paradigma”, finalizou ela, comentando que a sociedade ainda precisa evoluir o pensamento para ocorrer a diminuição da violência contra as mulheres.