Magistrado vai aguardar julgamento de ação civil pública movida pelo MP contra o frigorífico.

Justiça suspende mais de 200 ações de moradores contra fedor da JBS no Nova Campo Grande
Moradores entraram com ações na Justiça pedindo indenização por danos causados pelo mau cheiro da JBS. ( / Foto: Nathália Alcântara/Henrique Arakaki

O juiz de Direito Flávio Saad Peron suspendeu mais de 200 ações individuais que moradores do Nova Campo Grande movem contra a JBS, pedindo indenização por conviverem anos com o mau cheiro exalado pelo frigorífico, na região oeste da Capital.

Conforme decisão proferida no dia 17 de outubro, o magistrado pontuou que há em trâmite, na Justiça, ação civil pública movida pelo Ministério Público, pelo mesmo motivo, contra a gigante de alimentos. “A Ação Civil Pública proposta pelo MP versa sobre a lide que gerou a Ação [XXXX] e todas as ações individuais a ela reunidas, em que os autores, alegando que a planta industrial da ré, na Av. Duque de Caxias, 7.225, há tempos, vem emitindo fumaça e intenso mau cheiro“.

Dessa forma, justificou que há ordenamento do STJ (Superior Tribunal de Justiça) para suspender todas as ações relacionadas até o julgamento da ação civil pública.

Por fim, o juiz proferiu: “Determino à Serventia que proceda ao arquivamento destes autos, fazendo-se as necessárias anotações, até que sobrevenha a informação do julgamento da Ação Civil Pública 0931427-06.2025.8.12.0001“.

Em agosto, a Justiça promoveu audiência de conciliação entre a JBS e os mais de 200 moradores que pedem indenização para o frigorífico.

No entanto, a indústria não levou proposta para tentar resolver o problema em diálogo com representante dos moradores.

Os advogados da JBS alegaram que as ações ainda se encontram nas fases iniciais, com pendências como provas, perícias e outros documentos associados a processos.

Moradores já convivem com o mau cheiro há 15 anos, mas entraram com ação há menos de dois anos para tentar uma solução do problema crônico da região. Eles pedem danos morais e materiais, pois enfrentam a desvalorização dos imóveis.

Após anos de inquérito e TACs não cumpridos, o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) entrou com ação civil pública contra o fedor exalado pela JBS no Nova Campo Grande, somente em 2025.

Aliás, denúncia no Conselho Nacional do MP motivou ‘puxão de orelha’ no órgão sul-mato-grossense, que resolveu adotar medida judicial para tentar solucionar o caso.

Em manifestação apresentada no processo, a promotora de Justiça Luz Marina Borges Maciel Pinheiro afirma que o frigorífico não cumpriu todas as obrigações acordadas com o MP. “Este Parquet entendeu que as obrigações contidas nos itens 11 e 22 da liminar não haviam sido devidamente cumpridas, eis que as medidas levadas a efeito pela requerida eram insuficientes para tanto.”

Para a promotora, há dois pontos não cumpridos pela JBS:
Cercar o perímetro do frigorífico com árvores para ‘absorver’ o odor: a JBS diz que realizou o plantio de mudas, mas que é necessário tempo para elas crescerem e surtirem o efeito desejado. No entanto, o MP diz ser ‘inviável’ aguardar três anos para isso, já que a situação exige “resolução célere e efetiva”.
Apresentar relatório trimestral comprovando o bom funcionamento do novo sistema de exaustão de gases: esse é um dos pedidos feitos à Justiça.
Além disso, o MPMS pediu a chamada ‘inversão do ônus da prova’. Ou seja, apesar de ter sido o MP a entrar com a ação, que o juiz obrigue a JBS a comprovar que adotou todas as medidas e acabou com o fedor na região.

O caso segue em trâmite na Justiça estadual.

A reportagem acionou a JBS para esclarecer os questionamentos feitos pelo MP no processo, mas não obteve retorno até esta publicação. O espaço segue aberto para manifestação.