No decorrer do inquérito, dona de casa confessou que o menino de dois anos realmente bebeu vodca e foi indiciada. Irmã dele, de 11 anos, também fazia uso de maconha.

Justiça nega prisão de mãe investigada por abandonar bebê que tomou vodca em MS, diz polícia

A Justiça indeferiu o pedido de prisão da mãe de 32 anos, investigada pelo crime de maus-tratos e abandono de incapaz, em Campo Grande. No decorrer do inquérito, ela confessou que o bebê de dois anos realmente bebeu vodca e foi indiciada. A irmã dele, de 11 anos, também fazia uso de maconha e inclusive inalou a fumaça da droga na direção da criança. Todas elas permanecem abrigadas, de acordo com a polícia.

"O promotor se manifestou favorável, porém, o juiz não concedeu o pedido de prisão. Ela vai responder em liberdade por abandono de incapaz e maus-tratos. Foram ao todo 14 testemunhas ouvidas, entre as pessoas envolvidas e também moradores da região", afirmou ao G1 a delegada Anne Karine Trevisan, responsável pelas investigações.

Conforme a delegada, o prontuário médico do bebê ainda está sendo aguardado, para a conclusão do inquérito. "As testemunhas ressaltaram que era normal as pessoas ingerirem bebida alcoólica na casa dela, além de fazerem uso de drogas, como é o caso da menina de 11 anos. A mãe foi indiciada e responde aos crimes em liberdade", explicou Trevisan.

A delegada explicou que as pessoas que forneceram a vodca e a droga também já foram identificadas e responderão ao crime, já que infringiram o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Entenda o caso
 
O bebê foi socorrido após beber vodca e inalar fumaça de maconha, em uma casa na rua Castorina Rodrigues da Luz, Jardim Macaúbas, na noite do dia 6 de janeiro. A irmã dele, de 11 anos, que confessou ser usuária de drogas, é quem deu a ele a bebida alcoólica e ainda soprou a fumaça no menino, de acordo com o Corpo de Bombeiros.

"Nós chegamos lá por volta das 21h [de MS] e os ânimos estavam bem exaltados, já que os moradores da região é quem acionaram o Corpo de Bombeiros e queriam agredir a menina, pois, sabiam que ela tinha baforado na direção do bebê. O menino inclusive estava desacordado e, quando colocamos na viatura, ele passou a recobrar os sentidos", afirmou o cabo Samuel Ramires do 1° Grupamento dos Bombeiros (GB).

Ainda conforme Ramires, a menina saiu da casa e a mãe também apareceu, em seguida. "A menina estava sob efeito de drogas, visivelmente sonolenta e letárgica. A mãe também, aparentemente alcoolizada, disse que tinha deixado o menor na responsabilidade da irmã. O imóvel estava em situação bem degradante e inclusive tentamos informar o conselho tutelar. Ambas foram encaminhadas para a Depac [Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário] Piratininga", comentou Ramires.

Já o menino foi encaminhado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Universitário e teve alta médica após algumas horas.

A mulher, de 32 anos, prestou depoimento e foi liberada em seguida. Ela disse que saiu de casa para buscar açúcar, demorando cerca de 1 hora e deixando, neste período, o bebê na responsabilidade da irmã. "A mãe disse que foi com uma conhecida na casa de outra, onde pegaria o açúcar e então ficou ausente por uma hora, mais ou menos. Em declaração, também falou da questão da paralisia cerebral do filho e agora tudo será confirmado", comentou na ocasião a delegada.

Conforme a Polícia Civil, a suspeita já foi vítima de violência doméstica inúmeras vezes e ainda consta, nos registros policiais, que é alcoólatra. No entanto, como autora, está registrado o abandono material dos filhos, no dia 25 de fevereiro de 2014. A dona de casa ainda possui outro filho, um adolescente de 15 anos.

O caso foi registrado às 23h36 (de MS) do mesmo dia e encaminhado a Delegacia Especializada de Proteção à Criança e o Adolescente (Depca).