O documento foi assinado pelo Juiz de Direito Aluizio Pereira dos Santos.

A defesa do mecânico David Lopes Queiroz entrou com um pedido solicitando a revogação da prisão preventiva; contudo, o pedido foi negado na quinta-feira (15) pelo juiz de Direito Aluizio Pereira dos Santos, em Campo Grande. David é acusado de ter causado a morte da mãe e de três filhos em um acidente na BR-262, entre Sidrolândia e Campo Grande, no dia 6 de abril.
Naquela noite, David conduzia um Chevrolet Classic em alta velocidade e estaria embriagado, quando, no km 383 da rodovia, invadiu a contramão e colidiu de frente com uma Volkswagen Saveiro — que era ocupada por uma família composta por seis pessoas.
Morreram no acidente Drielle Leite Lopes e seus três filhos: Helena Leite Saraiva, de 10 anos; João Lúcio Leite Saraiva, de 2 anos; e o pequeno José Augusto Saraiva, de apenas 3 meses.
Com a prisão preventiva decretada desde o dia 8 de abril, a defesa do mecânico havia entrado com um pedido de liberdade — solicitando a revogação da prisão ou sua substituição por prisão domiciliar — alegando que o acusado está gravemente ferido e internado na Santa Casa devido a um quadro de politrauma grave, com possíveis sequelas permanentes, necessitando de acompanhamento médico e cuidados integrais após a alta.
Além disso, a defesa argumentou que o quadro físico e mental do mecânico, bem como seu estado geral de saúde, não indicam riscos que justifiquem a manutenção da prisão. Também foi apresentado que o acusado possui dois filhos menores de idade.
Contudo, o documento assinado pelo juiz Aluizio Pereira dos Santos contraria o parecer da promotora de Justiça, que havia se manifestado favoravelmente ao pedido de liberdade provisória.
“Indefiro o requerimento de revogação da prisão preventiva ou sua substituição por domiciliar formulado. No mais, aguarda-se a defesa preliminar e a audiência”, diz parte da decisão.
A primeira audiência do caso está marcada para o próximo dia 30 de junho.
Prisão decretada
David Lopes Queiroz teve a prisão preventiva decretada no dia 8 de abril, durante sua audiência de custódia.
“Verifica-se, in casu, pelas circunstâncias do delito, especialmente pela natureza do crime supostamente praticado, conforme apontado no auto de prisão em flagrante, que há, nesta fase preliminar, indícios de que o conduzido operava veículo automotor sob efeito de álcool, possivelmente também sob influência de substância entorpecente (cocaína). Tal circunstância, embora ainda dependa de apuração mais aprofundada no decorrer da instrução criminal, soma-se à gravidade concreta do fato, notadamente pelas consequências da conduta, que teria resultado em duas ou mais vítimas fatais, conforme consta nos autos. Diante disso, entendo necessária e adequada a conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva”, diz a decisão do magistrado.
Suspeita de uso de cocaína horas antes
As informações repassadas por um familiar do mecânico aos policiais que atenderam à ocorrência apontam que, no dia do acidente, o autor havia feito uso de cocaína. Quando os policiais chegaram à Santa Casa, onde David estava internado sob escolta, ele apresentava sinais de embriaguez, com fala arrastada e uso de palavras de baixo calão.
Cortejo marcado por dor e revolta
Revolta, choro e estado de choque marcaram a despedida de Drielle Leite Lopes e seus três filhos: Helena, de 10 anos; João, de 2 anos; e José Augusto, de apenas 3 meses — mortos no acidente na BR-262. A mãe de Drielle estava em estado de choque durante o velório, realizado na Câmara de Vereadores da cidade.
O marido de Drielle precisou ser amparado por amigos e familiares durante a despedida da esposa e dos filhos. O bebê de 3 meses foi velado com caixão fechado.
“Em relação ao acidente, eu quero Justiça. Não vai trazê-los de volta, mas que não aconteça com outros. Porque não foi um acidente, foi uma tragédia provocada por um ser embriagado, que não pensa nas consequências. Destruiu muitas famílias”, disse Aucelia Gomes, sogra de Drielle.
A família havia ido passar o fim de semana em Sidrolândia para visitar a mãe de Drielle e contar a novidade da compra da casa própria, conquistada pelo casal uma semana antes, em Campo Grande.
“Eles (nora e netos) eram puro amor, uma família unida, um pelo outro. Sempre brincando, até no mercado. Eu ia lá e não sabia o que fazer… colocaram o nome de dois filhos por mim, José e João”, contou Aucelia.
Sobre o filho, marido de Drielle, ela relatou que ele está emocionalmente destruído. “Os ferimentos físicos não foram muitos, mas o emocional está destruído. Ele até falou que não quer mais viver, mas tem outro filho, né? Nós vamos dar muita força para ele, e Deus já está segurando a mão dele. Vamos nos unir, um pelo outro”.
O neto de 12 anos que sobreviveu ao acidente continua internado e já passou por cinco cirurgias desde o ocorrido. “Vai ser um tratamento longo e doloroso, mas ele está fora de perigo. Quebrou os dois fêmures, os dois braços e o maxilar”, finalizou Aucelia.
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