O Grupo Energisa conseguiu suspender judicialmente a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa que investiga desvio de quase R$ 700 milhões e suposto esquema de pagamento mensal a 35 pessoas físicas e jurídicas.

Segundo o Correio do Estado, a decisão, em caráter liminar, foi concedida pelo desembargador Dorival Renato Pavan.

Na fundamentação, o magistrado pontuou ter sido realizada auditoria pela Price Waterhouse Coopers (PwC) antes da concessionária ser adquirida pela Energisa e tendo sido encaminhado aos órgãos competentes, bem como que a continuidade da CPI implicaria em prejuízo a imagem da empresa. Conforme o deputado estadual Marquinhos Trad (PMDB), que integra a comissão, causa espanto a empresa ter contratado o escritório Sérgio Bermudes Advogados objetivando o “trancamento e proibição de se investigar a Energisa”.

“Quem não deve não teme. Só queria saber se esses desvios impactaram nesse estrondozo aumento nas contas de energia elétrica. A CPI é único mecanismo para que se possa averiguar e vamos contestar [a proibição] em grau superior”, pontuou o peemedebista ao portal do jornal de Campo Grande.

APURAÇÃO

Criada para analisar rombo de R$ 183 milhões nas contas da Enersul, a CPI convocou, no início desta semana, nove pessoas para prestar depoimento.

Segundo o relator da CPI, deputado estadual Beto Pereira (PDT), os convocados são seis pessoas que participaram pela Enersul das transações financeiras com o banco Daycoval: Aldir Jonas Wolf, Valdir Jonas Wolf, Ariel Vilchez, José Carlos Santos, José Rodrigues Alves e Gilmar Rodrigues Ferreira; duas pessoas ligadas ao Banco Daycoval: Salom Dayan e Regina R. M. Nogueira; e um representante da ANEEL: Antônio Araújo da Silva.

A CPI já teve acesso a cópias do processo judicial onde a Enersul solicita a devolução de R$ 62.285.207,95 que foram retirados de uma conta corrente da empresa no Daycoval. Esse valor teria sido usado para saldar parte da dívida de R$ 183 milhões que a Rede Energia tinha com o Banco. De acordo com o processo, a Enersul afirma que essa retirada foi feita sem prévia autorização.