Presidente do INSS planeja reverter o cenário de agências sem equipe e alta demanda por serviços de despachantes.
A situação do INSS, com muitas agências operando sem equipe presencial, tem gerado debates acalorados sobre a qualidade do serviço prestado à população. Gilberto Waller Júnior, atual presidente do INSS, reconheceu que aproximadamente 60% das agências ainda enfrentam essa dificuldade, um cenário que ele pretende mudar drasticamente.
Em declarações recentes, Waller Júnior expressou sua preocupação com o impacto negativo do fechamento de agências físicas. Segundo ele, o vácuo deixado pelo INSS tem sido preenchido por "intermediários que não estão ali para ajudar o nosso segurado", referindo-se aos despachantes que cobram valores abusivos para realizar serviços que deveriam ser acessíveis gratuitamente.
A Crítica à Gestão Anterior
Adroaldo Portal, secretário-executivo da Previdência, engrossou o coro das críticas, denunciando que o INSS "entregou essas pessoas à sorte". Portal detalhou que despachantes chegam a cobrar R$ 150 apenas para protocolar um atestado médico e até R$ 400 por um pedido de aposentadoria, explorando a vulnerabilidade dos segurados.
"A cada agência fechada, do lado abrem uns cinco escritórios de intermediários que não estão ali para ajudar o nosso segurado." - afirmou Gilberto Waller Júnior à Folha.
O Desafio do Retorno ao Trabalho Presencial
Dados internos de julho de 2025 revelam que, dos 18,8 mil servidores ativos, cerca de 40% estavam em trabalho remoto integral e 6% atuavam parcialmente a distância. Em algumas unidades, esse índice chega a alarmantes 80%. A volta ao trabalho presencial, no entanto, não será uma tarefa fácil. Muitas agências enfrentam problemas como computadores obsoletos e infraestrutura precária, além da resistência de parte dos servidores em retornar.
Para tentar solucionar essa questão, o INSS está testando modelos híbridos em Brasília e São Paulo. Em Florianópolis (SC), foi inaugurada uma unidade de autoatendimento com o apoio de servidores e terceirizados, buscando otimizar o atendimento à população.
Revisão da Produtividade
Waller Júnior informou que os servidores responsáveis pela análise de documentos poderão continuar no teletrabalho, mas as metas de produtividade serão revistas. Atualmente, esses funcionários devem cumprir uma pontuação diária, que varia de 4,27 pontos no trabalho presencial para 5,55 pontos no remoto. O governo busca equilibrar o sistema, valorizando aqueles que realmente entregam resultados.
Técnicos do governo apontam que algumas tarefas geram pontuações altas sem demandar tanto esforço, permitindo que muitos servidores atinjam a meta mensal em apenas duas semanas. Por outro lado, outras tarefas estão subdimensionadas, exigindo mais tempo do que a pontuação sugere. O objetivo é ajustar o sistema para que ele reflita de forma mais justa o esforço e a dedicação de cada servidor.
É urgente que o INSS implemente medidas eficazes para garantir o atendimento presencial e combater a exploração dos segurados por despachantes. A população precisa ter acesso a serviços de qualidade, sem depender de intermediários que se aproveitam da burocracia e da falta de estrutura do órgão.
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