Projeto possibilita acesso dos alunos aos esportes radicais e a primeira atividade foi uma trilha

 Inclusão Radical: professores do município criam projeto para atender crianças com deficiência
A trilha no Morro do Ernesto contou com a ajuda de vários professores. / Foto: Divulgação/Aurélio Vinícius

Professores da Escola Municipal Professor Fauze Scaff Gattass Filho, em Campo Grande, mostraram que boas ideias podem transformar a vida dos alunos. Os professores Washington Pagane e Gilberto Gomes criaram o projeto ‘Inclusão Radical’, para que crianças com deficiência tenham acesso aos esportes radicais. A ideia já teve seus primeiros frutos e três alunos da escola fizeram uma trilha no Morro do Ernesto.

Washington é auxiliar pedagógico especializado na escola e conta que em conversas com o professor de esporte adaptado, Gilberto, surgiu a ideia de levar os alunos com deficiência para praticar esportes radicais. O professor Gilberto está a apenas 5 meses na escola pela Deac (Divisão de Esporte, Arte e Cultura), mas a experiência de mais de quatro anos de trabalho com esportes para pessoas com deficiência tornou a ideia possível.

Segundo o professor Washington, a base nacional curricular prevê as práticas corporais não convencionais, possibilitando que os professores deixassem os esportes mais comuns um pouco de lado e pudessem promover atividades diferentes para a criançada, como o slackline, trilhas, tirolesa e rapel.

A primeira experiência foi com uma trilha, já que Gilberto é certificado em trilhas de aventura e é guia de uma empresa de turismo. “Os levamos ao morro do Ernesto. Um aluno autista, uma com deficiência intelectual e uma aluna com má formação de membros superiores e inferiores. Realizamos trilha de aventura, chegamos ao topo do morro em conjunto com outros professores voluntários”, conta.

A ajuda de cerca de 10 professores foi essencial, já que sem uma cadeira adaptada, Ana Lívia foi levada nos braços dos professores na parte mais difícil da subida ao morro. “Para a menina com dificuldade física, foi feita uma cadeirinha com os braços para que ela pudesse chegar lá. Alguns trechos ela fez sozinha, em outros a gente achou pesado, quando fazia a cadeirinha com dois professores”, conta.

Devido às dificuldades da primeira experiência, os docentes já planejam a fabricação de uma cadeira adaptada para a subida, com materiais doados pelos próprios professores da escola. Para Gilberto, o sorriso das crianças faz o esforço valer a pena. “Tirar o sorriso deles é o meu sonho como profissional, saber que estou ajudando no crescimento da criança”, celebra.

Para o professor Washington, a prática dos esportes radicais traz a satisfação de cumprir um desafio que parecia impossível para os alunos. “O esporte radical dá esta sensação porque depois que a pessoa consegue fazer, dá aquela sensação de dever cumprido, superação. Você olha e parece difícil, mas quando a pessoa consegue cumprir, ela sente a satisfação de ter realizado a prática”, explica.

O objetivo do projeto é prosseguir promovendo esportes radicais para as crianças com deficiência nas escolas municipais de Campo Grande como uma forma de inclusão social. Washington explica que pretende promover atividades mais simples, que possam ser executadas no espaço das escolas. “Montar slackline para deficiente visual, procurar um local na escola para montar um rapel, uma tirolesa adequada para pessoas com deficiência… estamos com projeto para conseguir implementação disso na rede municipal”.