Comerciante foi um dos primeiros a ter uma barraca na Feira Livre do Guanandi, em Campo Grande
Por ironia do destino, como o próprio diz, o comerciante Hermes da Silva, de 77 anos, não nasceu em Campo Grande, mas fez da Cidade Morena a sua casa. Há cerca de 50 anos, ele mora na mesma casa no bairro Guanandi, casou-se, criou cinco filhos e vende caldo de cana em uma das principais vias do bairro.
A história de Hermes não começou muito longe daqui; ele nasceu em Maracaju, a menos de 160 quilômetros de Campo Grande, onde morou até os 17 anos. Ao ser questionado sobre o motivo de ter se mudado, talvez nem mesmo ele saiba a resposta. “Ironia do destino, né? Cada um vai para um lugar”, disse.
Nos próximos dias, o Jornal Midiamax fala sobre o desenvolvimento desta região em seu novo projeto, o Fala Povo: Midiamax nos Bairros. Ao longo desta semana, no site, jornal impresso e programa televisivo do Jornal Midiamax (canal 4 da Net), várias histórias serão mostradas, além de curiosidades, pontos gastronômicos, segurança e tudo o que envolve o cotidiano da população local.
A partir de segunda-feira (22), você acompanha reportagens que vão culminar com uma edição ao vivo do programa, transmitida da região neste dia 27 de setembro, sábado.
‘Só tinha mato’ no Guanandi
Quando Hermes e sua família chegaram a Campo Grande, foram morar na Vila Sobrinho, mas, em pouco tempo, ele iria se mudar para o bairro onde seria sua casa pelas próximas décadas. “Eu vinha passear aos domingos e via que o bairro tinha futuro, né?”, relembrou.
Então, ele se instalou em uma das principais ruas da região, a Barra Mansa. “Não tinha nada, era só estrada, só mata. Tinha lugar que só passava o trilheiro, e depois foi melhorando”, contou.
Assim, no Guanandi, ele construiu a própria casa, casou-se e teve cinco filhos que, inclusive, estudaram a menos de uma quadra de onde moravam, na Escola Municipal Professor Plínio Mendes dos Santos. “Só tinha duas salas de aula, era tudo de tábua. Uma vez, teve um incêndio, nós corremos para socorrer; ainda bem que não estragou muita coisa”, recordou.
Escola Municipal Professor Plínio Mendes dos Santos. (Foto: Pietra Dorneles, Jornal Midiamax)
Guanandi: a maior feira livre
A maior feira livre de Campo Grande acontece na mesma rua em que Hermes mora. Com cerca de dois quilômetros, os feirantes se organizam em nove quadras e fazem a Feira do Guanandi acontecer todos os domingos.
Feira do Guanandi. (Foto: Madu Livramento, Midiamax)
“Eu comecei na feira mais ou menos em 1976. A gente começou com quatro barraquinhas, eram duas de lá e duas de cá”, lembrou Hermes. Na época, o mercado ao ar livre não tinha as proporções de hoje em dia, mas o comerciante sabia da importância da feira para a população do seu bairro. “Aí eu arrumava banheiro, guardava as barraquinhas das pessoas, dava água, avisando que eu tinha comércio. E foi aumentando, aumentando”, contou.
Umas das histórias que marcou Hermes neste período foi sobre a organização da feira e como seriam as disposições das barracas. “A gente começou a discutir a questão da escola Plínio Mendes, com uma frente muito ampla, os feirantes não podiam jogar adubo, tomate, essas coisas em frente à escola”, disse.
Em suma, a solução encontrada na época foi proibir as barracas de verduras em frente à instituição. “Aí ficou assim, da segunda esquina para lá [sentido centro]: feira de verdura até o fim da rua. E para cá [sentido bairro] veio roupa, armário, essas coisas”, finalizou.
Roda de tereré, todos os dias, às 10h30
“A população do Guanandi eu considero boa, nós aqui temos muita amizade, todo canto aí para baixo me conhece, eu e minha mulher”, explica Hermes. O comerciante é tão querido pelas pessoas, que um grupo de amigos escolheu a garaparia como o seu ponto de encontro diário.
“Começou quando aqui ainda era um bar, tinha uma mesa de sinuca, e a gente vinha jogar. Aí começamos a tomar tereré aqui em volta e depois viemos para aqui”, conta o policial militar William Martins Graúna, de 57 anos.
Grupo se reúne todos os dias, às 10h30. (Foto: Pietra Dorneles, Jornal Midiamax)
Assim, os integrantes do grupo se conhecem há 25 anos, desde a época em que estavam na escola; e, para não perder o contato, criaram a roda de tereré, todos os dias, a partir das 10h30. “Todo dia aqui na garaparia do Hermes. Todo dia, mesmo horário, as pessoas já sabem que tem, aí comparecem, sempre que estão passando aqui na frente, param e participam”, explicou Willian.
“E a gente fez uma roda de bate-papo, conversamos de política, de futebol, dos amigos que estão aqui em volta, se tornou um tipo de relaxamento”, finalizou.











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