Compra deve continuar em 13 milhões de metros cúbicos, quantia importada atualmente.

Governo projeta manutenção da demanda do gás em 2020
Compra de gás natural da Bolívia deve se manter em 2020 no mesmo patamar deste ano. / Foto: Álvaro Rezende / Correio do Estado

As mudanças na política de distribuição do gás natural no Brasil têm causado incertezas na Secretaria de Fazenda de Mato Grosso do Sul. A redução da importação do produto da Bolívia já gera efeitos na arrecadação do Estado, que caiu pela metade do ano passado para cá. O alento que o governo do Estado tem para os próximos meses é de que, com o fim do contrato entre a Petrobras e a boliviana YPFB, o volume de gás trazido do país vizinho deve se manter nos 13 milhões de metros cúbicos, média dos últimos meses. 

“A Petrobras ainda não deu nenhum sinal sobre a renovação do contrato de importação nem mesmo de qual volume de gás ela precisa. Entretanto, continuamos numa perspectiva de que ela venha a precisar de algo entre 12  [milhões] e 13 milhões de metros cúbicos [diários] de gás natural”, explicou o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro). 

A Petrobras começará a abrir mão do mercado de gás natural no ano que vem, e o Gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol) é a primeira peça desta abertura. Um edital para selecionar as empresas que assumirão o transporte do produto importado do país vizinho já está aberto e deve ser concluído até dezembro. O contrato entre Petrobras e a estatal boliviana YPFB termina dia 31 de dezembro. 

A expectativa, no mercado de energia e gás, é de que a YPFB esteja entre as favoritas para adquirir a parte da Petrobras no Gasbol. A empresa brasileira tem 51% das ações e vai se desfazer de sua totalidade na participação. 

Fora da operação, a Petrobras continuará sendo usuária do serviço, mas não será mais a dona da via em que o gás é transportado. No momento, a estatal brasileira é a única cliente da YPFB. Já existe, inclusive, um acordo feito com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para a Petrobras se desfazer totalmente do Gasbol. 

QUEDA

No ano passado, o gasoduto controlado pela empresa transportou, em média, 23,01 milhões de metros cúbicos por dia. Neste ano, conforme o governo de Mato Grosso do Sul, que tributa o gás natural quando ele entra em território brasileiro, em Corumbá, a média está bem inferior. Em junho, por exemplo, a arrecadação foi de R$ 74 milhões, um pouco menos do que a metade dos R$ 150 milhões arrecadados em outubro do ano passado. 

Verruck faz uma previsão conservadora sobre o possível aumento de demanda com uma nova operadora do gasoduto. “A expectativa é de que o preço do gás boliviano fique até 30% mais barato, mas ainda não trabalhamos com uma perspectiva de importação acima de 20 milhões de metros cúbicos por dia”, explica. 

Atualmente, a Petrobras paga por contrato a importação de 24 milhões de metros cúbicos diários do gás natural, mesmo não recebendo todo o produto, por falta de demanda local.