Há anos, hospital tem enfrentado problemas, como falta de insumos e medicamentos.

Governo pode entregar gestão do Regional para iniciativa privada
Gestão da unidade deve ser totalmente modificada já nos próximos três meses. / Foto: Álvaro Rezende / Correio do Estado

Diante dos problemas recorrentes no Hospital Regional de Mato Grosso do Sul (HRMS), em Campo Grande, e após consultoria do Hospital Sírio-Libanês, de São Paulo, a unidade deve passar por “grande mudança estrutural e na administração” e pode ser entregue à iniciativa privada, se tornando uma parceria público-privada ou uma organização social (OS). A informação foi confirmada o Secretário Estadual de Saúde, Geraldo Resende e o diretor-presidente do hospital, Márcio Eduardo de Souza Pereira.

As decisões começam a ser tomadas após a entrega do resultado do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS), promovido pelos técnicos do Sírio-Libanês, referência nacional em gestão da saúde, ser entregue na manhã de ontem (15).

Conforme Resende, a linha que será empregada para a gestão do HR ainda será decidida em reunião com o governador Reinaldo Azambuja (PSDB), que já havia comentado em reuniões anteriores quais as possíveis linhas de administração. “Ele citou que poderia ser uma PPT [Parceria público-privada]; citou também que poderia ser OS [Organização Social]; e citou que poderia terceirizar alguns setores do hospital”, disse o diretor-presidente ao Correio do Estado.

O secretário adiantou que na semana que vem será feita uma reunião para discutir o diagnóstico feito pelos técnicos do Sírio-Libanês. “É muito cedo ainda para falar em terceirização. Nós recebemos esse resultado ainda pela manhã e só vamos discutir em cima dele na próxima semana, para, aí sim, definir alguma coisa”, revelou. 

De acordo com Resende, as mudanças devem ser tanto na estrutura física do hospital, quando na administração. “Foram centenas de recomendações que o técnicos fizeram. E nós e a direção do hospital já estávamos antevendo que fossem feitas”, afirmou.

Além disso, o secretário também enfatizou que a unidade precisava do programa executado pelo Sírio-Libanês. “Nós precisamos ter de fato esses resultados para tomarmos decisões mais aprofundadas, mas também imediatas, para que haja uma nova modelagem no hospital já nos próximos três meses com esse plano de operação”. 

No começo do ano, quando o Proadi-SUS iniciou os trabalhos no HR, a gerente do programa, Ana Carolina Brasil disse que a iniciativa estava em 17 estados e em 36 hospitais desde 2017 e mostrou resultados positivos. Ela afirmou que nestas unidades o tempo de espera, do momento de chegada até a consulta, diminuiu em 37%. O tempo de passagem, que é o período que o paciente leva para ter seu “problema resolvido” diminuiu 59%.  

MANIFESTAÇÃO

A entrega do resultado do acompanhamento dos técnicos resultou em um protesto feito por funcionários do Hospital Regional, na manhã de ontem (15), na Assembleia Legislativa, reivindicando que deputados conversem com governo para que o hospital não seja terceirizado.

O técnico de enfermagem Juarez Barroso disse que se o hospital for terceirizado, a situação vai ficar pior do que está, e afirmou que até o elevador não está mais funcionando. “Salários atrasados, falta medicação e o pior é que não temos voz”, declarou o técnico, que foi com mordaça na boca para protestar contra a negativa dos deputados sobre pedido de uso da tribuna. “Não temos voz, fomos impedidos de falar”, protestou.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Seguridade Social, Ricardo Bueno, defendeu ainda que transformar o hospital em organização social (OS) não funcionou em outras cidades. “Não funcionou em Ponta Porã, Chapadão, Dourados”, reclamou. 

Atualmente, o Hospital Regional tem 2.200 funcionários e é 100% público. De acordo com Bueno, é o único hospital de porta aberta. “O HU precisa ser regulado e Santa Casa tem recursos privados”, finalizou.