Fernanda Delfino, de 29 anos, teve seu bebê diagnosticado com mielomeningocele, uma má formação na coluna vertebral do feto. Cirurgia teve duração de 3 horas.

Gestante comemora cirurgia em feto com malformação ainda na barriga:
Fernanda deixa o hospital com a família após o sucesso da cirurgia / Foto: Fernanda Delfino/Arquivo Pessoal

A moradora de São Roque (SP) Fernanda Delfino, de 29 anos, levou um susto no primeiro mês de gestação. Ela soube que a filha tinha uma malformação na coluna e que teria que ser submetida a uma cirurgia ainda no útero. Mas, para alívio da família, o procedimento, que ainda causa surpresa, foi um sucesso.

O bebê foi diagnosticado com mielomeningocele, uma malformação no fechamento do tubo neural do bebê que deixa a medula espinhal da criança exposta.

Ao G1, Fernanda conta que a condição do segundo filho do casal pegou a família de surpresa. "Estamos esperando uma menina, a Júlia Vitória. No começo, ficamos receosos, pois não sabíamos como seria dali pra frente, porém a cirurgia foi um sucesso. Há risco de ter um parto prematuro, mas estamos muito felizes com o resultado", conta.

O procedimento, chamado de "fetoscopia", foi realizado no 5º mês de gestação e durou cerca de três horas. "A cirurgia da Júlia durou 1h20. O resto do tempo foi para expor o útero, inflar com um gás para ver melhor o bebê e depois reverter tudo isso. Dormi durante todo o procedimento e a recuperação está sendo tranquila", conta.

Uma equipe multidisciplinar participou da cirurgia, que ocorreu na Maternidade de Campinas (SP). Participaram médicos obstetras, neurocirurgiões, cirurgiões pediátricos, ultrassonografistas, geneticistas, neonatologistas e anestesistas.

Segundo o cirurgião pediátrico de Jundiaí (SP) Lopes Miranda, que participou do procedimento, o diagnóstico precoce em alguns casos é fundamental para a diminuição de consequências graves em diversos casos de malformação.
 
Cirurgia
 
A cirurgia é realizada por vídeo com ferramentas específicas. Embora não cure a doença, Miranda explica que o procedimento diminui as sequelas que possam existir no futuro. "A recuperação da cirurgia se torna ainda mais fácil pela criança ainda estar no útero da mãe", explica.

"Tivemos medo, mas ficamos tranquilos graças a todos os profissionais que nos ajudarem desde o começo. Tudo correu muito bem", comemora a mãe.

Para o médico, a cirurgia é um marco. "Um procedimento desta complexidade com a utilizada técnica é marcante para nós profissionais que estivemos envolvidos. Nos sentimos realizados com o sucesso da cirurgia", diz.