PF destacou que o hospital na fronteira é duas vezes menor que o particular de Campo Grande

Gasto com informática no HR de Ponta Porã era 240 vezes mais caro que o EL Kadri

A Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União identificaram um verdadeiro ‘’show de corrupção’’, promovido pelo Instituto Gerir, que administrou o Hospital Regional José de Simone Netto, até 2019, em Ponta Porã. Os gastos com informática eram 240 vezes maiores que o Hospital particular El Kadri, em Campo Grande. 

Conforme o processo -, aberto em razão da Operação SOS Saúde - deflagrada nesta quarta-feira (3), o Instituto Gerir não realizou cotação prévia do preço oferecido por uma empresa, para implantar, desenvolver e manter software de gestão hospitalar. 

A empresa em questão é a Wareline do Brasil Desenvolvimento de Software, cujos sócios-administradores são Rosa Maria de Almeida Usier e Paulo Porto Usier. A empresa tem sede em Campinas (SP). 

Sobrepreço

Na investigação, chamou a atenção o fato do valor de implantação do sistema de informática no HR de Ponta Porã custar 240 vezes mais que o El Kadri, de Campo Grande. O El Kadri, observa a apuração, tem porte duas vezes maior que o hospital até então administrado pelo Instituto Gerir. 

Além disso, apontam os policiais, o gasto mensal de dinheiro público para manter o sistema de informática é 3,3 vezes mais caro que o El Kadri. 

Outros fatores reforçam indícios que o Instituto Gerir e a empresa de informática praticavam superfaturamento nos serviços prestados. Apenas 37,8% dos módulos contratados pelo Instituto eram usados na gestão de informática no hospital. 

Após análise dos contratos, a Controladoria-Geral da União estima que, somente este contrato, apresentou superfaturamento de R$ 1.017.543,00. 

O espaço está aberto a todos os envolvidos.

SOS Saúde

A PF deflagrou a operação SOS Saúde na manhã de quarta-feira, em diversas cidades do País. Foram 34 mandados de busca e apreensão em 25 endereços diferentes, sendo 11 no Estado de São Paulo, 10 em Goiânia (GO); três em Brasília (DF)e 1 em Campo Grande, além do sequestro de bem, direitos e valores.

O objetivo era desmascarar uma organização criminosa que promovia superfaturamento de dinheiro público na gestão de hospitais públicos no País, sendo o Hospital Regional de Ponta Porã Jose de Simone Netto. 

A principal investigada é a Organização Social Instituto Gerir, que administrou a unidade em MS de 2016 a 2019. 

O Governo de MS destacou que, após denúncias, a OS foi descredenciada e deixou a gestão do HR na fronteira.