No entorno do Jardim Leblon, nem metade do asfaltamento foi concluída, apesar de serviço ser considerado finalizado.

"Fora do mapa", ruas são tomadas por erosão e crateras desafiam moradores

Bairros esquecidos, como se estivessem "fora do mapa". Diante do abandono devido à falta de pavimentação - que não chegou nem à metade das vias -  é dessa forma que moradores consideram a região onde vivem, no entorno do Alto Leblon, Jardim Tijuca e São Pedro, em Campo Grande.

Crateras enormes, abertas no meio das vias sem asfalto, impedem os veículos de circularem por ali. Um trecho bastante crítico é o da Rua João Luderitz, na esquina com a Goruerê, no Jardim São Pedro. 

João Adriano Machado Araújo, 21, funcionário de uma petshop da região, precisou mais que dobrar a distância do trajeto para fazer entrega na casa de um cliente na Rua Creta. 

“Perde tempo, perde dinheiro com combustível e também com a manutenção do veículo. A situação dessas ruas é um transtorno para quem mora e para os comerciantes”, reclama.

Com as fortes e constantes chuvas das últimas semanas, a erosão aumenta a cada dia. 

“Estou andando a pé porque meu carro quebrou quando tentei passar pelo buraco. Está na oficina e eu tive que refazer toda minha rotina. É como se tivessem esquecido da gente aqui”, desabafa a acadêmica de odontologia Larissa Maria de Arruda Campos, 23. 

Ela conta ainda que verificou que "no papel" a pavimentação foi finalizada, mas nem 1/3 do serviço foi concluído na prática. 

O problema atinge moradores da Vila Vilma, Jardim Tatiana, Jardim Antarctica, Vila Ouro Fino, bem como as ruas do entorno do residencial Leonel Brizola.

Uma delas é a Sotero Cardoso onde, além da falta de asfalto e do avanço da erosão, falta de manutenção com o sistema de drenagem representa risco aos moradores.

No loca, pleo menos dois poços de inspeção estão abertos. Qualquer pedestre pode cair lá. Uma simples tampa resolveria, mas por enquanto, os próprios moradores colocaram tocos de madeira e carcaças de eletrodomésticos para amenizar a situação.

"Continua sendo um perigo porque o buraco fica bem no meio da rua. Semana passada um motociclista trompou e por pouco não se machucou", lembra o pedreiro Marcos Henrique Souza Lázaro, 33. 

"Aqui eu não recebo o IPTU porque a prefeitura fala que não sabe qual é o bairro. Eu tenho que ir no centro retirar o boleto. Parece que o bairro está fora do mapa", complementa. 

Ainda na Sotero Cardoso, há estreitamento da via após cruzamento com a Rua Creta, sentido Avenida Nasri Siufi. No local, postes de energia foram instalados na rua, diminuindo a área para tráfego de veículos e pedestres.

 “Tem poste no meio do caminho, mas não tem lâmpada e bandido aproveita. Entraram 12 vezes na casa da minha vizinha. Na minha casa já perdi a conta de quantas vezes invadiram. Um verdadeiro abandono”, ressalta a aposentada Jaci Maria de Jesus, 65, moradora há mais de 30 na região.

Como resolver? De acordo com a secretaria municipal de Obras, Campo Grande tem hoje uma malha viária urbana não pavimentada de 1.200 quilômetros e, diante da atual realidade financeira da administração, não há recursos próprios para investir em asfalto e drenagem.

"Estas obras de infraestrutura dependem da captação de recursos, via emenda parlamentar, no Orçamento da União ou contratação de empréstimos", informou, por meio da assessoria de imprensa.

"A administração municipal tem trabalhado em articulação com a bancada federal, para viabilizar verba para que, já em 2018, sejam contempladas várias regiões da cidade, à medida que os recursos sejam assegurados, em cumprimento as prioridades definidas pelos conselhos das diferentes regiões urbanas", complementa. 

Também afirma que, a partir do término do atual período de chuva, será ampliada a manutenção das vias não pavimentadas, que é a providência possível para garantir condições de trafegabilidade, enquanto não se faz o asfaltamento.