Outras duas equipes, com 20 militares no total, estão a cerca de 30 km de Corumbá, também trabalhando em foco grande de incêndio, embora não haja o levantamento total da área queimadas.

Fogo devastou 800 campos de futebol e já deixa rastro de morte no Pantanal
Carcaça de jacaré encontrada nesta manhã, num dos pontos de combate a incêndios no Pantanal. / Foto: Corpo de Bombeiros/Divulgação

Em quatro dias, incêndio em região de difícil acesso já devastou 571 hectares no Pantanal do Rio Negro. A área queimada equivale a 800 campos de futebol no tamanho padrão. O fogo também começa a deixar rastro de morte, mas militares do Corpo de Bombeiros, além de trabalharem no combate às chamas, tentam salvar animais.

De acordo com o CPA (Centro de Proteção Ambiental) do Corpo de Bombeiros, nesta semana, equipes estão divididas no combate a três grandes focos no Pantanal sul-mato-grossense. O trabalho não para. Equipes se revezam para fazer o controle das chamas até durante a madrugada.

Desde domingo (24), um dos grupos, composto por 35 militares, com ajuda do Grupamento de Operações Aéreas, que utilizar aeronave com capacidade para transportar 3 mil litros de água, trabalha na região pantaneiro no Rio Negro, a mais crítica.

Outras duas equipes, com 20 militares no total, estão a cerca de 30 km de Corumbá, também trabalhando em foco grande de incêndio, embora não haja o levantamento total da área queimadas. O terceiro ponto, que exige atenção do Corpo de Bombeiros, fica no Pantanal do Paiaguás, que segue, por enquanto, sendo monitorado por satélite.

Ainda conforme balanço do CPA, em pouco mais de dois meses em alerta – período que teve início no dia 17 de julho –, os bombeiros já atuaram no combate a 7 grandes incêndios florestais em diferentes regiões de Mato Grosso do Sul. Fogo que consumiu 637 hectares em Bonito, um dos principais destinos turístico do Estado, foi extinto na sexta-feira passada, dia 22.

Por isso, o governador Eduardo Riedel (PSDB) decidiu usar as redes sociais para fazer apelo. “Todas as forças estão mobilizadas, com todo o equipamento possível para fazer esse combate, mas é preciso também que todos nós tenhamos essa consciência. Estamos com condição de clima absolutamente adversa. Temperatura muito alta, ventos fortes e seca. Então, queremos pedir a colaboração de todos, para que tenham cautela. Não entrem de jeito nenhum em qualquer iniciativa de queimada, de incêndio, mesmo as coisas pequenas como um lixo no quintal. Vamos ter cuidado”.

Até 31 de dezembro, estão suspensas as autorizações ambientais para “queima controlada” de pastagens no Estado.

As temperaturas passando dos 40ºC em várias localidade não facilitam o trabalho. Segundo a tenente-coronel Tatiane Inoue, chefe do CPA, mesmo onde o fogo é extinto, é preciso manter o monitoramento, uma vez que é grande a possibilidade de reignição.

Fogo e morte – Com o avanço das chamas, começar a surgir as fotos de carcaças de animais que não conseguem escapar. Nada se compara a 2020, quando, estima-se, 17 milhões de bichos morreram no bioma pantaneiro, carbonizados ou de fome e sede após grandes incêndios. Mas, além de trabalhar na extinção os focos, bombeiros também têm a missão de salvar animais.

“Felizmente até agora, são poucos animais, de fato, encontrados. Mas, estamos trabalhando na busca ativa nas áreas onde atuamos”, explicou Tatiane Inoue, via assessoria de imprensa.

Os bombeiros têm o apoio do Gretap (Grupo de Resgate Técnico Animal do Pantanal), composto por médicos veterinários e outros profissionais que pode fazer o socorro e a reinserção dos animais no habitat.

Além disso, o Cras (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres), que fica em Campo Grande, está a postos para receber os resgatados. “Temos toda a estrutura pronta para receber os animais, assim como ocorreu quando nos incêndios florestais dos anos anteriores. Entre os casos mais emblemáticos estão de uma anta que teve 40% do corpo queimado e foi transportada de avião. Ela passou por um atendimento de ponta, com ozônio e depois de recuperada, foi solta. E também atendemos uma onça com as patinhas queimadas, que também se recuperou. E agora ainda temos o reforço do hospital veterinário”, explicou Lucas Cazati, que é médico veterinário e responsável técnico do Cras.