Filipinas está disposta a compartilhar com Pequim Mar da China Meridional
Ministro filipino Perfecto Yasay concede uma entrevista em Manila / Foto: AFP /NOEL CELIS

O governo das Filipinas está disposto a compartilhar com Pequim os recursos naturais das zonas em disputa no Mar da China Meridional, inclusive em caso de decisão favorável de um tribunal internacional, afirmou à AFP o ministro das Relações Exteriores.

O governo de Pequim reivindica sua soberania sobre quase todo o mar da China Meridional, uma importante via marítima em disputa com vários vizinhos, incluindo alguns aliados dos Estados Unidos, como as Filipinas.

Para contestar as reivindicações chinesas, que se aproximam de sua costa, Manila apresentou em 2013 uma denúncia à Corte Permanente de Arbitragem de Haia, que pronunciará seu veredicto na terça-feira.

Em entrevista à AFP, o ministro filipino Perfecto Yasay disse que o governo do novo presidente, Rodrigo Duterte, espera abrir rapidamente o diálogo com a China depois de receber o veredicto.

De acordo com o chanceler, os contatos ficariam concentrados em como explorar juntos as reservas de gás natural e compartilhar os recursos pesqueiros dentro da zona econômica exclusiva das Filipinas.

"Podemos ter inclusive o objetivo de ver como podemos explorar juntos este território. Como podemos nos beneficiarmos mutuamente da exploração dos recursos nesta zona econômica exclusiva, onde as reivindicações se sobrepõem", disse Yasay à AFP.

Nos últimos anos, a China construiu ilhas artificiais e infraestruturas no Mar da China Meridional para apoiar suas reivindicações com uma política de fatos consumados.

A denúncia apresentada em Haia pelo ex-presidente filipino Benigno Aquino provocou a indignação de Pequim, para quem o tribunal, apoiado pela ONU, não tem competência no assunto. A China não deve reconhecer a decisão.

Aquino chegou a comparar o expansionismo chinês na região com a política nazista na Europa antes da Segunda Guerra Mundial.

Agora, Duterte, que assumiu o governo em 30 de junho, adota uma posição mais conciliadora com a China.

O chanceler disse que o presidente não fará este tipo de analogias e que ele prefere "olhar para frente nestes assuntos".

Também destacou que os dois países concordaram em não fazer "comentários provocadores" após a decisão do tribunal de arbitragem.

O ministro disse que após o anúncio da decisão, o governo examinará a mesma com atenção, conversará com aliados e depois tentará abrir negociações com a China "o mais rápido possível".

Yasay disse concretamente que o país está aberto a compartilhar os recursos pesqueiros do recife de Scarborough, que fica dentro da zona econômica exclusiva filipina, e do qual a China assumiu o controle em 2012.

Também afirmou que as Filipinas pensam em explorar com a China campos de gás em Reed Bank, também dentro da zona econômica exclusiva filipina.

Nos últimos anos, as reivindicações sobre o Mar da China Meridional, que também envolvem Vietnã, Malásia, Brunei e Taiwan, provocaram muitas trocas de acusações e manobras militares.

O governo dos Estados Unidos, que afirma estar preocupado com a liberdade de navegação na região, enviou navios de guerra ao Mar da China meridional em várias ocasiões.