Julgamento ocorreu 7 anos depois do crime

Filho de PM que deu arma para namorada matar jovem é condenado

Depois de sete anos de espera, um júri anulado e outro adiado, Jadher Leandro Rodrigues de 28 anos foi condenado, nesta quarta-feira (30), a 16 anos e quatro meses de reclusão em regime fechado. Em 2010, o réu se envolveu no assassinato de Juliana Aparecida dos Santos Sales, na época com 19 anos, por ter emprestado a arma do pai, um policial militar, para a namorada de apenas 15 anos.

Além de ser coautor no assassinato, o rapaz foi julgado por porte ilegal de arma de fogo e corrupção de menores pelo juiz da 2ª Vara do Tribunal do Júri, Aluízio Pereira dos Santos. Jadher chegou a ser preso após o crime, mas aguardava o julgamento em liberdade.

Familiares e amigos de Juliana, apesar do sofrimento da perda, estão satisfeitos com o resultado do júri e comemoraram a vitória da condenação do envolvido no Facebook.

“Depois de 7 anos e 22 dias.. Não adiantou a frase... - Prefiro Permanecer em Silêncio. .. 7 horas de Júri. .. 7 Horas de aflição. .. Mais 4 folhas lidas.. 1 Resposta. .. R É U C U L P A D O..!! Obrigada meu Deus.. Justiça Feita. Juliana Sales (sic)”, publicou uma da amigas.

“Sem palavras pra dizer o quanto esse DEUS é maravilhoso nos deu a oportunidade de ver aquele q causou tanta dor a nossa familia pagar por seus atos.... A justiça divina nunka falha aki se faz aki se paga. Tudo q DEUS faz tem seu tempo certo pra acontece,sete anos e um mes depois DEUS fez a justiça ele vai paga pelo q fez . E assim poderemos descansar sabendo q a morte da minha irma #Juliana não ficou impune
#ObrigadoDeusPelaVitória (sic), publicou a irmã de Juliana.

Adiamento e anulação

No último dia 24 de maio, o julgamento havia sido adiado. Os familiares da vítima, morta pela namorada do réu, foram surpreendidos com a notícia ao chegarem no fórum.

Filho de policial militar, Jadher é acusado de emprestar a arma para a autora do crime, que na época tinha 15 anos. Juliana foi assassinada depois de uma de suas amigas se envolver em uma briga com a irmã gêmea da suspeita, durante uma festa na Ucaf (União Campo-Grandense de Favelas) no dia 8 de agosto de 2010.

A explicação para o cancelamento, de maio, seria de que o promotor escalado para atuar no caso foi o mesmo responsável por anular o primeiro julgamento e por isso estaria automaticamente impedido de agir.

Em 2013, o rapaz foi condenado a dois anos de prisão, mas a defesa recorreu ao TJMS e o julgamento foi anulado.

O crime

O caso aconteceu no bairro Coronel Antonino em 8 de agosto de 2010. A autora frequentava a festa na Ucaf, quando uma das amigas de Juliana esbarrou na irmã gêmea dela, que desferiu um soco em resposta, iniciando uma discussão entre os dois grupos.

A adolescente não gostou da confusão e conversou com o namorado Jhader, filho de cabo da policial militar. O rapaz pediu a moto de um amigo emprestada e os dois foram até a casa do PM, pegaram a arma do crime, que estava municiada e voltaram para encontrar o grupo em que a vítima estava.

Segundo os relatos, a garota ainda teria efetuado um disparo para testar o revólver. Depois se aproximou um pouco mais das vítimas e atirou contra o grupo, atingindo Juliana no abdômen e a irmã dela, na época com 14 anos, na mão.

Depois de efetuar o disparo, a adolescente de 15 anos e o namorado retornaram para a casa do rapaz, recolocaram balas no revólver para não levantar suspeitas, e guardaram a arma no mesmo local de onde haviam pegado. Os dois foram detidos um dia após o crime.