A ponderação foi da consultora da ONU Mulheres, Fernanda Castro Fernandes, em palestra na Procuradoria-Geral do Trabalho, em Brasília, no âmbito da campanha 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres.

Falta de autonomia é barreira no combate à violência contra a mulher
/ Foto: Marcos Santos/USP

A falta de autonomia econômica é um dos elementos que empurram mulheres a se manter em relações violentas e abusivas.

A ponderação foi da consultora da ONU Mulheres, Fernanda Castro Fernandes, em palestra na Procuradoria-Geral do Trabalho, em Brasília, no âmbito da campanha 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres.

Segundo a pesquisa Violência Doméstica e seu Impacto no Mercado de Trabalho e na Produtividade das Mulheres, 23% da vítimas recusaram ou desistiram de alguma oportunidade de emprego no Nordeste, entre 2016 e 2017, porque o parceiro era contra.

Enquanto isso, 9% das mulheres não vitimadas pelos parceiros reportaram ter recusado alguma oportunidade de emprego.

"O trabalho é algo que constrói a nossa identidade. É algo que nos satisfaz e coloca o nosso lugar no mundo", afirmou a consultora da ONU Mulheres.

Para a Fernanda,, a prevenção da violência contra a mulher é a atuação mais difícil no combate a esse tipo de violência.

"De fato é efetiva essa punição [do feminicida], porque ele vai preso. Mas na justiça a um feminicídio, a mulher já morreu", argumentou.

"As mulheres não morrem à toa. Em algum momento, essas mulheres já procuraram alguém, seja no bairro, na igreja ou na polícia, e essa ajuda falhou", completou.

Mulheres vítimas de violência domésticas, entre 2016 e 2017, reportaram menor frequência no exercício de sua capacidade de concentração, na capacidade de dormir bem, em tomar decisões, além de se sentir frequentemente estressada e menos feliz em comparação às mulheres não vitimadas pelos parceiros.

Para a região Nordeste, mulheres vítimas de violência doméstica apresentam uma duração média de emprego 21% menor do que a duração daquelas que não sofrem violência e recebem um salário cerca de 10% menor.

A pesquisa foi realizada em nove capitais do Nordeste pela Universidade Federal do Ceará e o Instituto Maria da Penha.

A palestra fez parte da campanha 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres, uma mobilização global da sociedade civil que, no Brasil, dura 21 dias, pois iniciou no dia 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra, e se encerra no dia 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos.