Aos 13 anos, skatista já influencia meninas campo-grandenses a procurarem o esporte.

‘Fadinha’, Rayssa é luz para meninas que precisam justificar rolê de skate na Orla em Campo Grande

Rayssa Leal era só uma criança quando viralizou nas redes sociais em 2015 fazendo manobras no skate vestida de fada. Foi daí que veio o apelido de ‘fadinha’, a nova promessa do skate que ganhou a medalha de prata nos Jogos Olímpicos. Com apenas 13 anos, Rayssa já é destaque nas Olimpíadas e sua influência já reflete nas meninas skatistas de Campo Grande. O sucesso da jovem é visto como um incentivo para que mais meninas pratiquem o esporte e ajude a acabar com o preconceito com skate na Capital. 

Para quem anda de skate, não é fácil lidar com o preconceito. Antes, ele não era visto como um esporte sério, muito menos uma prática para meninas. Considerado ‘modinha’, o skate deve entrar no radar dos esportes e ganhar o aval dos pais, para que as meninas possam praticar desde cedo. 

A estudante Aline Neves, de 21 anos, participa de um coletivo de skate para meninas. Ela conta que o cenário já vinha crescendo nos últimos anos em Campo Grande, mas a procura deve aumentar ainda mais com a inclusão do esporte nos Jogos Olímpicos e a medalha de Rayssa. 

“O que pode ajudar é com o preconceito que as famílias têm. Eu ganhei meu primeiro skate da minha avó, mas meus tios e até meus pais tinham um preconceito, achavam que era coisa de vagabundo e não queriam que eu me reunisse com a galera que pratica”, conta. 

Aline ainda sonha que a visibilidade do skate nas Olimpíadas possa incentivar a realização de um campeonato em Mato Grosso do Sul. “Espero que possa trazer visibilidade para patrocínios. O sonho da comunidade é um campeonato estadual, com vaga para o nacional. Talvez, com as Olimpíadas, o governo possa olhar com melhores olhos o esporte”, diz. 

A professora Natália de Souza, de 29 anos, relata que começou a andar de skate há quase três anos. Ela já conhecia o esporte a muito tempo, mas só começou a praticar recentemente, justamente por causa do preconceito com as meninas skatistas. “Um dos motivos para essa demora foi o preconceito. Quando eu conheci o esporte, eu pedia um skate, mas meus pais não davam. Achavam que não dava futuro, que a galera era má companhia”, explica. 

Para Natália, a vitória de Rayssa Leal nas Olimpíadas vai contribuir para a ruptura da cultura de que o skate é ‘modinha’. “Com a mídia em cima do esporte, as pessoas enxergam de outra forma. O skate pode se tornar profissão, pode mudar a vida de uma garota”, diz. 

Natália Matsumoto, de 23 anos, é instrutora de skate e começou a praticar o esporte há nove anos. Ela conta que já participou de competições e ressalta que a vitória da ‘fadinha’ é importante para motivar meninas a se dedicarem ao esporte e até a se tornarem profissionais. 

“Abre portas para que as meninas cheguem ao skate. É complicado, os pais não confiam que a menina pode andar de skate, acham que é modinha, não incentivam que pratiquem e vão às pistas”, diz. 

Natália, que também faz parte de um coletivo de meninas skatistas, explica que só de ter sido incluído nas Olimpíadas, a procura pelo esporte aumentou. “Agora, se uma menina de 13 ou 14 anos falar que quer andar de skate, isso pode se tornar uma profissão”, conclui.