Evite cinco erros ao reatar um relacionamento
Ao reiniciar uma relação, não prometa que vai mudar algo em seu comportamento.

 "Agora vai ser diferente". É esse o pensamento que passa pela cabeça de muitos homens e mulheres que, depois de um tempo separado dos parceiros, decidem voltar. De fato, muitas vezes o cenário a dois se transforma após uma reconciliação, mas isso exige empenho das duas partes.

Segundo um estudo da Universidade da Flórida (EUA), divulgado em dezembro de 2014, esse modelo de relação tende a dar errado e acaba deixando os envolvidos infelizes. Mas é claro que há exceções à regra. E, de acordo com os especialistas, é possível fazer decolar um relacionamento que, em algum momento, despencou. Mas, para isso, um bom começo é tentar evitar ao máximo cinco erros comuns. Confira quais são eles:

1. Ter expectativas altas demais em relação às mudanças: suas e do outro

Ao reiniciar uma relação, não prometa que vai mudar algo em seu comportamento se não tiver certeza de que isso é possível. E não condicione a volta a uma mudança drástica nas atitudes do outro –ainda que ele tenha prometido agir de forma diferente. Algumas pessoas simplesmente não conseguem mudar (e não é por falta de vontade).

"Há atitudes que são inerentes à personalidade, que fazem parte do estilo de vida e que ajudam a compor a identidade ", afirma o psiquiatra e psicoterapeuta de casal Luiz Cuschnir, do Instituto de Psiquiatria da USP (Universidade de São Paulo).


2. Tentar esquecer em vez de perdoar

Muitos juram de pés juntos que perdoaram a outra pessoa mas, sempre que possível, voltam a se incomodar com o erro cometido pelo par no passado e trazem aquele acontecimento à tona, durante brigas e discussões. Quem faz isso não conseguiu perdoar a falha que está tentando esquecer.

"Perdoar significa compreender e assumir parte da responsabilidade por todos os fatos ocorridos. Quem perdoa, em um relacionamento, tenta entender o que aconteceu e percebe que não existem culpados, apenas pessoas aprendendo a se relacionar", diz a psicoterapeuta Maura de Albanesi, fundadora do Núcleo de Desenvolvimento Humano e Espiritual, em São Paulo.

Ela explica que perdoar não significa fingir que o problema não ocorreu, até porque a experiência deve servir para evitar erros futuros. Mas afirma que quem perdoa deve ser capaz de parar de reagir da mesma maneira toda vez que se lembra do fato, seja com tristeza ou indignação. "Muito mais eficiente do que jogar o erro cometido na cara do outro é fazer acordos em que ambos se comprometam a ter atitudes que vão fortalecer o relacionamento", diz Maura.

3. Colocar-se no papel de vítima

É muito comum que uma das pessoas se coloque como alguém que está se sacrificando para retomar o relacionamento. Essa mesma pessoa pode querer ser elevada a um pedestal pelo outro, só por tê-lo aceitado de volta "depois de tudo". Mas esse é mais um erro.

"Essas pessoas acham que tudo é culpa do outro e que cabe ao par fazer a relação dar certo. No entanto, a responsabilidade é sempre dos dois", diz Maura. Ela explica que quando um sempre toma para si o papel de vítima, apontando o outro como vilão, fica ainda mais difícil estabelecer uma relação harmoniosa em qualquer

4. Mudar externamente para tentar resolver a relação

"Vamos mudar de casa para começar uma vida nova"; "Ela mudou de emprego, que era o motivo das nossas brigas"; "Decidimos morar no interior para fugir do estresse das cidades grandes, que causava muitas desavenças entre a gente". Todas essas são atitudes bem-intencionadas, mas pouco efetivas. Acreditar que uma mudança externa fará a relação fracassada do passado caminhar para o sucesso no futuro demonstra ingenuidade.

Não existem soluções mágicas para mudar a dinâmica de um relacionamento. Esse tipo de estratégia contribui para isentar o casal de seus erros, uma vez que toda a responsabilidade fica a cargo da situação e não das pessoas. "Antes de retomar uma relação, faça um balanço dos ganhos e perdas. Isso possibilita refletir se ainda há um caminho a seguir. As pessoas precisam, antes de tudo, adquirir a consciência do que deve ser transformado. Só assim ambos poderão crescer emocionalmente", diz Cuschnir.

5. Agir por impulso

A pesquisa citada no início do texto apontou que casais que vivem separando e voltando tendem a ser mais impulsivos em suas decisões. A psicóloga Juliana Bonetti Simão, especializada em sexualidade e terapia de casal pelo Inpasex (Instituto Paulista de Sexualiade), concorda.

"Percebemos, em consultório, que esses casais têm uma emoção exacerbada, que provoca, muitas vezes, atitudes inadequadas", afirma. Essas pessoas tendem a não medir as consequências de seus atos, pois enxergam que sempre é possível voltar atrás em uma decisão, o que não é verdade. "Geralmente, esses casais pedem desculpas um ao outro com a mesma frequência que dizem 'eu te amo'", diz Juliana.