Dentista que atendia João ainda criança em sua cidade natal é uma das testemunhas ouvidas na segunda audiência do caso

O estudante de medicina João Vilela, acusado de atropelar e matar a corredora Danielle Correa de Oliveira na MS-010, em Campo Grande, chorou na audiência desta terça-feira (10). Ele e outras quatro testemunhas são ouvidos na segunda audiência de instrução e julgamento, que ocorre desde às 14h30 no Fórum Heitor Medeiros.
Uma das testemunhas ouvidas na audiência é uma dentista que atendia João ainda criança em Piranhas, Goiás, sua cidade natal. “Eu conheço ele, desde criança, sempre foi um menino que colaborava em todos os tratamentos. Um menino com a índole muito bonita na cidade. Ele tinha uma moral muito bonita e foi estudioso, ele sempre colaborou”, disse.
A dentista ainda contou que o rapaz é de índole muito bonita e a notícia do acidente com a morte da corredora chocou a cidade. Ao ouvir a fala da profissional, o estudante de medicina chorou.
“Uma pessoa que tem uma índole muito bonita, nós aqui da cidade ficamos muito chocada e triste com o acontecimento. Ele sempre foi meu paciente e às vezes eu perguntava, pelo menos em Mineiros, aparentemente onde eu o via, nunca vi consumindo bebida alcoólica”, relatou a dentista.
Amigo lembra que viu estudante bebendo cerveja antes de acidente
Um dos amigos de João Vitor Vilela lembrou que viu o jovem bebendo cerveja antes de atropelar e matar a corredora Danielle. O amigo contou que no dia anterior ao atropelamento esteve com o estudante até às 19h e depois cada um foi para a casa.
Horas depois, eles se encontraram em um bar na Avenida Afonso Pena e o amigo se lembrou que viu João tomando cerveja.
“A gente chegou lá era umas 23h30 e ficamos até 1h20 da manhã. Estávamos em vários amigos, a turma ajuntou para comemorar com o pessoal. Eu me retirei antes dele, mas o João já não estava mais, ele foi para outro local. Eu me recordo dele bebendo apenas cerveja, não prestei atenção quantas vezes ele foi buscar mais. Ele ficou a todo momento tranquilo, só aparentava estar cansado, mas sem relação ao álcool”, relatou.
Quem também foi ouvida na sala de audiências do fórum de Campo Grande pelo juiz de Direito, Aluizio Pereira dos Santos, é uma médica de Goiás, que mora em Piranhas, cidade natal do estudante de medicina.
Ela contou que conhece João desde a infância e sempre via o rapaz na rua e em festas pela cidade. Disse também que o acidente que ocasionou na morte da corredora deixou toda a população chocada em Piranhas.
“Eu nunca vi o João Vitor dessa forma, quando eu soube desse acidente, pelas redes sociais, todas as pessoas estavam falando sobre isso, foi algo que chocou a cidade de Piranhas. Mas eu nunca pensei que essa pessoa seria o João Vitor. Foi realmente um choque para todo mundo”, disse.
Liberdade do estudante
No dia 11 de março, a Justiça havia negado um pedido de liberdade impetrado pela defesa. Mas o estudante acabou ganhando a liberdade provisória com algumas medidas cautelares.
“Concedo a liberdade provisória para responder ao processo em liberdade, sob o compromisso de comparecer sempre que necessário aos atos do processo, de não mudar de residência sem prévia permissão da autoridade processante ou ausentar-se por mais de 8 (oito) dias de sua residência sem comunicar ao juízo.
Diante das particularidades do caso, necessária, ainda, a suspensão da habilitação para condução de veículo automotor, proibido o Paciente, sob as penas do art. 312, parágrafo único, do CPP, de dirigir veículo automotor durante o curso do processo e de frequentar bares e estabelecimentos congêneres, onde se promova a venda e consumo de bebidas alcoólicas”, diz a decisão.
Estudante de medicina chorou ao ouvir decisão de prisão
Vídeo da audiência de custódia, que ocorreu no dia 16 de fevereiro, mostra o estudante de medicina aos prantos ao ouvir a decisão do magistrado no Fórum de Campo Grande.
Nas imagens, é possível ver o estudante de cabeça baixa e, quando ouve a decisão do juiz, vai aos prantos. Ele estava embriagado quando dirigia o carro e acabou atropelando Danielle, que treinava para uma maratona com um grupo, na MS-010.
João se recusou a fazer o teste do bafômetro, mas era visível seu estado de embriaguez. O estudante utilizava uma pulseira de uma casa noturna localizada na Avenida Afonso Pena e, dentro do veículo, foram encontradas latas e garrafas de cerveja.
Estudante em audiência de custódia. (Foto: Leitor Midiamax)
Motorista desorientado
A publicitária Gisele Dias praticava corrida com a vítima, e estava no grupo que treinava na manhã de sábado (15).
“Ele (o motorista embriagado) falava que estava indo para a casa dele, falava que morava em Campo Grande, outra hora ele falava que morava perto da Santa Casa, outra hora falava que morava perto do shopping, e a gente estava indo a Rochedo, estávamos a 7 km de Campo Grande”, detalhou a atleta.
“Ele (o motorista) estava muito distante de onde ele pensava que ele estava indo, totalmente sem noção de qualquer coisa”, completa Gisele.
“Não deveriam ser só crimes hediondos que deveriam ser inafiançáveis. Isso foi um crime hediondo, gente, precisa ser revisto isso. Não dá para a pessoa deliberadamente se embriagar, pegar o carro, sair, atropelar uma pessoa, matar uma pessoa, depois voltar para casa e seguir a vida dele. O rapaz, ele estava extremamente embriagado”, desabafou.
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