Prefeito da Capital diz que ações precisam ser coordenadas com cidades do interior para surtirem efeito.

Estado anuncia esta semana quais regiões terão medidas mais rígidas
Disponibilidade satisfatória de leitos de UTI é um dos itens que devem ser analisados. / Foto: Valdenir Rezende/Correio do Estado

O governo de Mato Grosso do Sul pretende apresentar, ainda esta semana, as microrregiões que deverão adotar medidas mais rígidas para conter o avanço da Covid-19, com abertura apenas de comércio essencial. Segundo o secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, reuniões estão sendo feitas para construir a proposta. 

“Estamos terminando a definição das microrregiões para as quais devemos indicar medidas mais rígidas, para que persigamos o porcentual de isolamento social compatível e não haja disseminação da doença”, declarou Resende ao Correio do Estado.

Conforme o secretário, os dados analisados terão como base o programa Prosseguir, lançado pelo governo do Estado no início deste mês, uma parceria com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), que usa parâmetros como a ocupação de leitos e o monitoramento de casos e pacientes para estabelecer a situação das cidades. 

Resende afirmou que o anúncio será feito em parceria com as prefeituras e evitou usar o termo lockdown: “Estamos conversando com os gestores e diremos qual a data que cada local vai começar a fazer as medidas. Nada será feito sem consentimento das prefeituras”.

Ainda segundo o secretário, essas medidas preveem o fechamento das atividades comerciais que não fazem parte da categoria essencial, como supermercados, farmácias e postos de combustíveis.  

“Serão medidas mais duras que levem ao isolamento social nas microrregiões mais problemáticas”.

Para o prefeito de Campo Grande, Marcos Trad (PSD), as medidas mais restritivas na cidade poderão ser tomadas a partir de amanhã, caso a Capital tenha índices ruins em relação ao isolamento social e à taxa de ocupação de leitos. 

Segundo ele, nada deverá ser estabelecido se as prefeituras da microrregião à qual o município pertence também não concorde em fazer o mesmo.

CONVERSAS

“Conversei com o governador [Reinaldo Azambuja] e disse que conversasse com as outras prefeituras da microrregião de Campo Grande se eles aceitariam imposição de regras mais duras para todos, porque não adianta decretar toque de recolher às 20h na Capital e as outras cidades do entorno continuarem com tudo normal. Temos de fazer tudo em conjunto, ou não vamos conseguir segurar o crescimento momentâneo”, declarou Trad.

O prefeito também preferiu não falar em lockdown, mas afirmou que as medidas mais duras estão relacionadas a maneiras de reduzir o fluxo de pessoas nas ruas da cidade.  

“Por exemplo, trazer a capacidade dos estabelecimentos para 30% e formas que evitem a circulação [de pessoas]”. 

Atualmente, os comércios na Capital estão operando com 40% da capacidade total e decreto em vigor estabelece essa medida até o dia 19, ou seja, até o domingo. O mesmo decreto estabeleceu toque de recolher a partir das 20h. 

Segundo Trad, vários fatores influenciarão para a sua tomada de decisão, como a taxa de ocupação de leitos de unidades de terapia intensiva (UTIs), que ontem estava em 73%, com 175 vagas preenchidas das 241 pactuadas pelo município, sobra de 66 leitos.

“O ponto positivo é que estamos melhorando no porcentual dos leitos. O ponto negativo, e que nos preocupa muito, foi o balanço deste fim de semana: 286 estabelecimentos comerciais [abertos], todos eles vendendo bebidas alcoólicas e pessoas aglomeradas até 3h; 1.400 pessoas orientadas a sair destes lugares e retornarem para suas casas; 845 ligações de denúncias de campos de futebol; e, inclusive, festas julinas”, declarou o prefeito durante live em suas redes sociais.

Na Capital, conforme dados do boletim epidemiológico da Secretaria de Estado de Saúde (SES), foram confirmados até o momento 4.640 casos da Covid-19 e 37 mortes. 

Campo Grande é o município com mais episódios em Mato Grosso do Sul, responsável por 34,4% das 13.461 confirmações, mas ainda tem uma taxa por 100 mil habitantes menor do que a de outras cidades. Ao todo, 167 pessoas já morreram pela doença no Estado.