Augusto Torres Galvão Florindo foi abordado pela PF quando recebia cerca de R$160 mil na última sexta-feira (28), das mãos do ex-guarda municipal identificado como Marcelo Raimundo

Estado afasta policial preso pela PF ao receber propina
Portaria considera a prisão em flagrante posteriormente convertida em preventiva para decidir pelo afastamento do Investigador de Polícia Judiciária / Foto: Reprodução depoimento/e Divulgação PF Lei

Através da edição desta terça-feira (02) do Diário Oficial Eletrônico de Mato Grosso do Sul, o Estado afasta agora compulsoriamente Augusto Torres Galvão Florindo, o agente preso pela Polícia Federal enquanto recebia propina no último dia 28 de novembro.

Conforme o documento assinado pelo delegado e corregedor-geral da Polícia Civil, Clever José Fante Esteves, a portaria considera a prisão em flagrante posteriormente convertida em preventiva para decidir pelo afastamento do Investigador de Polícia Judiciária Augusto Torres Galvão Florindo.

Membro do quadro efetivo da Secretaria de Estado Justiça e Segurança Pública/MS, Augusto Torres estava lotado na Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros, conhecida como Garras, e deve ficar afastado enquanto durar a prisão.

Policial é preso ao receber propina de contrabandistas em MS

Além disso, o agente teve suas senhas e login de acesso aos bancos de dados da instituição policial, como Sigo e Infoseg, suspensas, bem como a suspensão de férias.

Foi determinado ainda o recolhimento da arma usada pelo agente, além da carteira funcional e "demais
pertences do patrimônio público destinados ao referido policial", cita a portaria.
Portaria afastamento policial do garras envolvido com propinaReprodução/DOE-MS
Relembre

Divulgado inicialmente pela Polícia Federal sem identificação do policial, o caso de recebimento de propina foi registrado na última sexta-feira (28 de novembro), situação em que a PF abordou Augusto Torres Galvão Florindo no momento em que recebia aproximadamente R$160 mil.

A propina seria paga porque, supostamente, o policial seria encarregado de facilitar as atividades de criminosos contrabandistas em território sul-mato-grossense.

Além de Augusto, os agentes federais também prenderam um ex-guarda municipal, identificado como Marcelo Raimundo da Silva, com um longo histórico de atividades ligadas ao contrabando, que fazia a entrega do dinheiro para o colega da ativa

Essas prisões somente aconteceram após a PF receber uma denúncia anônima, dizendo que uma mulher sacaria grande quantidade de dinheiro para pagar propina a um policial, por conta de um crime envolvendo contrabando e o possível favorecimento.

Munidos da informação, as pesquisas foram feitas e revelaram o volume de registros criminais de contrabando e descaminho em desfavor da pessoa indicada pelo autor da denúncia anônima.

Cabe destacar que as prisões reacenderam um alerta de uma preocupação antiga nas forças de segurança de Mato Grosso do Sul, a atuação de servidores envolvidos com contrabandistas na faixa de fronteira.

Como bem acompanha o Correio do Estado, o próprio secretário de Justiça e Segurança Pública, delegado Antônio Carlos Videira, admitiu ontem (1°) que o caso não é isolado, com procedimentos internos antigos na Corregedoria da Polícia Civil com o intuito de apurar possíveis desvios de conduta ligados a crimes fronteiriços.
MPMS

Durante as investigações foi informado também que a esposa de Augusto é a promotora Luciana Moreira Schenk, que atuou por quase uma década, no grupo de Atuação Especial de Controle Externo da Atividade Policial (Gacep/MS) que tem como objetivo atuar diante da prática de ilegalidades, abuso de poder ou de omissões dos integrantes das forças policiais e equiparados, promovendo a responsabilização, nas esferas civil, administrativa e criminal.

Após repercussão, a Associação Sul-Mato-Grossense dos Membros do Ministério Público (ASMMP) divulgou nota expressando apoio integral à integrante. No texto, a entidade repudiou publicações que associaram o nome da promotora ao crime praticado pelo marido e afirmou que o conteúdo gerou comentários ofensivos, alguns em “potencial caráter criminoso”.

A associação informou que tomará providências para preservar a honra e a segurança institucional da promotora, reconhecida, segundo a nota, pela conduta ética e trajetória exemplar no Ministério Público.

 

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