Marcos Rezende é produtor rural e decidiu aflorar o lado artístico há dez anos, com esculturas realistas.

Escultor descobriu talento com bustos de artistas de MS
Marcos Rezende decidiu conciliar a carreira de escultor com a profissão que exerce desde a juventude, a de produtor rural. / Foto: Divulgação

Na fazenda localizada no município de Jaraguari, Marcos Rezende, 47 anos, divide-se em dois mundos, o da produção de ovos orgânicos e o da escultura em bronze e argila. As duas realidades, singulares em suas atribuições, intercalam-se todos os dias no cotidiano do artista, que há dez anos decidiu assumir a vocação, a qual surgiu na infância.

“Eu sempre fui produtor rural e trabalhei no campo, mas a arte sempre me acompanhou também. Eu sempre fiz desenhos e pinturas, mas não levei para frente de uma forma profissional até o aniversário do meu irmão, em que eu tive a ideia de fazer uma escultura de Freud, porque ele é psicólogo”, afirma Marcos.

CLÁSSICOS

Foi a partir da série “Miniclássicos” que Marcos teve certeza de que tinha a consciência artística necessária para esculpir. “Eu sempre me senti meio vazio e, depois que eu assumi a arte, eu me senti mais completo. Essa é a maneira que eu consigo me expressar, o meu jeito de me expressar é por meio da escultura, da minha arte. Eu me vejo na minha escultura, ela é o meu espelho”, acredita. De Freud, Marcos passou por Einstein, Gandhi, Mandela, Nietzsche, Hitchcock, Noel Rosa e Carlos Drummond de Andrade, todos esculpidos em massa polimérica e com o estilo próximo da caricatura. “Foi quando eu pensei que queria partir para um negócio mais realista, fazer esculturas mais próximas da realidade.

Fui para o Rio de Janeiro, fiz dois workshops com Mário Pitanguy, no Curso de Retratação Escultórica da Escola de Arte do Rio de Janeiro, e também conheci Eran Webber, da academia de Florença, na Itália, quando ele fez uma master class de arte figurativa”, explica. 

Marcos explica que, ao contrário do que as pessoas costumam imaginar, ele prefere acrescentar a argila aos poucos para formar as feições e os detalhes de cada escultura. “Normalmente, existe aquela visão de que você vai fazendo os buracos, esculpindo, mesmo. Eu prefiro trabalhar dessa forma”, ressalta. 

ÍCONES DE MS

Com as técnicas do realismo, Marcos decidiu representar ícones da arte sul-mato-grossense, em uma série de bustos com as feições de Helena Meirelles, Manoel de Barros e Conceição dos Bugres. “Acabei sendo selecionado em um edital do Museu de Arte Contemporânea de Mato Grosso do Sul para a exposição de 22 peças, em 2017, e, posteriormente, fiz o busto em bronze de Ulysses Serra, fundador da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras. Todo esse processo da fundição em bronze, que é bem interessante e pouca gente conhece, eu mostro na minha página profissional do Facebook”, explica.

A inspiração na arte clássica permanece nas obras do escultor, que continua dividindo o tempo entre a arte e a produção de ovos.

“Eu consegui dividir bem essa questão, apesar de acreditar que a arte aparece em todos os pontos da minha vida. De manhã, eu resolvo as questões profissionais e, à noite, eu subo para o meu ateliê, que fica em casa, e lá eu liberto meu lado artístico”.