Escócia quer discutir independência do território para controlar seu destino
A primeira-ministra da Escócia, Nicola Sturgeon. / Foto: EFE/Robert Perry

A primeira-ministra da Escócia, Nicola Sturgeon, afirmou nesta sexta-feira que "chegou o momento de voltar a discutir" o tema da independência da Escócia do Reino Unido ao pedir que os escoceses passem a controlar "seu próprio destino".

Em discurso pronunciado na cidade de Stirling, Sturgeon afirmou que apoiar a separação do Reino Unido é "a única forma de proteger" os interesses da Escócia.

"Acredito que é o momento de nosso partido liderar uma nova conversa sobre a independência", afirmou a líder do Partido Nacionalista Escocês (SNP, sigla em inglês), que voltou a colocar a possibilidade de realizar outra consulta após o referendo britânico da União Europeia (UE), para que o território não saia do bloco europeu.

No referendo sobre a UE do último dia 23 de junho, 52% dos britânicos votaram a favor da saída do país do bloco, mas os eleitores da Escócia, por sua vez, apoiaram a continuidade.

As declarações de Sturgeon vêm quase dois anos depois da consulta escocesa, na qual Edimburgo disse "não" à independência do Reino Unido por ampla margem.

"Não considero nada garantido, mas tenho impressão que o apoio à independência aumentaria se está claro que esta é a melhor forma, a única, de fato, de proteger nossos interesses", opinou a chefe do governo regional escocês.

"O Reino Unido no qual a Escócia votou por permanecer mudou substancialmente e, portanto, também mudaram os argumentos para se votar a favor ou contra a independência", comentou Sturgeon, que enfatizou que o medo não é a Escócia se "retirada da UE contra sua vontade, mas também do mercado comunitário".

A líder independentista insistiu que a saída da UE afetará todos os territórios do Reino Unido, uma vez que seja ativado o artigo 50 do Tratado de Lisboa, que estabelece um período legal de dois anos para negociar os termos da separação.

O Executivo em Londres indicou que não tem a intenção de iniciar esse processo até fim deste ano, ou o início de 2017.

"Como primeira-ministra, não vou ficar de braços cruzados e não vou permitir que isto aconteça sem luta", opinou Sturgeon.

No entanto, apesar das declarações de Sturgeon, uma pesquisa do instituto YouGov divulgada hoje na imprensa afirma que 54% dos escoceses são favoráveis à continuidade no Reino Unido, enquanto 46% preferem a separação.