Profissional anda trocando serviços por alimentos em um grupo das redes sociais para ter o que comer.

Encomendas pararam e artesã vive sem saber se terá dinheiro para comida

A pandemia da Covid-19 trouxe tristeza e dificuldades para a vida da artesã Shirley Larisca Ricco, 46 anos, que luta diariamente para não desistir da profissão que é apaixonada.

Ela e o marido moram no bairro Jardim Arco Íris, em Campo Grande e estão desesperados com a situação financeira que enfrentam. 

“Antes da pandemia, eu arcava com 90% das contas praticamente. Meu marido sempre trabalhou como motoentregador. Eu sou artesã, vim de São Paulo, continuei com minhas clientes, tinha muitas encomendas. Janeiro e fevereiro não costuma ter muitas encomendas por conta do fim de ano e Carnaval, mas eu tinha muitas encomendas nessa época, de outros estados. Mas agora, nesse segundo ano de pandemia, estou sem clientes. Vendi uma lembrancinha de Dia das Mães, faturei R$ 10”, diz a mulher. 

A profissional destaca que, além de trabalhar com lembrancinhas, também dá curso. 

“Há 15 anos me especializei no feltro, onde trabalho com lembrancinhas de aniversário, maternidade, casa nova, entre outros. Faço peças personalizadas e peças para compor a decoração de festa. Com a pandemia, eu fui obrigada a parar e estou parada desde então. Eu também dou aulas, caso alguém queira aprender, eu ensino e forneço o material. Eu cobro R$ 85,00 já com material, ensino tudo que eu sei”, diz a mulher. 

 

Shirley relembra que sempre pagou as contas em dia e, agora, tem medo do que o futuro pode fazer. O esposo dela sofreu um acidente e ficou 180 dias em recuperação. 

“Eu sempre fiz questão de pagar as contas, o que sobrava do meu esposo, servia para outras questões, passeios. Eu não sustento meu marido, a conta chegava, eu recebia e pagava. Quando ele recebia primeiro, ele pagava, é assim que trabalhamos. Dividimos em dois. Na pandemia, ele sofreu acidente, eu ainda tinha algumas encomendas, mas agora, no segundo ano de pandemia, estou sofrendo. Meu esposo ficou 180 dias parado, o INSS não aprova o benefício para ele receber. Estou com fé de que, na perícia dele, vai sair alguma coisa de benefício”, diz a mulher. 


Sobre sobreviver, Shirley afirma que participa de um grupo de permuta e é dessa forma que está conseguindo alimentos para a casa. 

“Nossa situação está muito difícil, eu entrei em um grupo de permuta para ter comida dentro de casa. Quem faz salgado, eu troco pelos meus serviços, não gosto disso. Não tem valor, é mais uma ajuda, uma ajudando a outra. É complicado, mas tenho fé de que a situação vai melhorar, é minha esperança.  Não quero largar mão do feltro, espero vender Natal e Ano Novo. Peguei dinheiro para pagar com juros para pagar contas de casa e dar entrada no sepultamento do meu pai, que faleceu recentemente”, diz a mulher. 

Para ajudar Shirley ligue 67 9.9810-2210.