Duas opções de financiamento vão ofertar mais de R$ 400 milhões para micro e pequenas empresas.

Empresários terão fôlego com novas linhas de crédito
Comerciantes afirmam que a sobrevivência de muitas empresas no Estado depende de financiamentos. / Foto: Álvaro Rezende/Correio do Estado

O acesso ao crédito é uma dificuldade apontada pelos empresários desde o início da pandemia do novo coronavírus (Covid-19). Nesta quarta-feira (1°), governo do Estado, Banco do Brasil e representantes do setor produtivo apresentaram duas novas linhas de financiamento que, somadas, devem chegar a mais de R$ 400 milhões. Uma das opções promete facilitar o acesso de empresários.

Os recursos anunciados atenderão cerca de três mil micro e pequenas empresas do Estado. O pacote é referente aos financiamentos do Fundo Constitucional do Centro-Oeste (FCO) na linha Capital de Giro Emergencial, com R$ 204 milhões para MS, e do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), que disponibilizará R$ 3,7 bilhões para todo o País, ambas pelo Banco do Brasil.

O secretário de Governo, Eduardo Riedel, disse que o Pronampe deve ofertar mais de R$ 200 milhões. “Estamos tratando de um importante instrumento para economia. A gente quer cuidar das pessoas, mas não extinguimos a economia disso, de poder dar uma resposta aos empresários que estão sofrendo. O Pronampe deve passar dos R$ 200 milhões, todo recurso é importante para manter os empregos, sem abrir mão da preservação da vida das pessoas em Mato Grosso do Sul”, disse.

CONDIÇÕES

A linha do FCO disponibiliza R$ 204 milhões a empresas e cooperativas com faturamento inferior a R$ 90 milhões anuais, com teto de R$ 100 mil por beneficiário para custeio ou de R$ 200 mil para investimentos. A taxa de juros é de 2,5% ao ano, com 24 meses para pagamento e carência até dezembro de 2020.

De acordo com o superintendente regional do Banco do Brasil, Sandro Grando, o recurso já está disponível para contratação. “Uma linha que nós podemos atender 2 mil clientes. Linha exclusiva de MS, aqueles que não são clientes podem buscar o banco”, reiterou.

Para o Pronampe, o Banco do Brasil vai emprestar R$ 3,7 bilhões em todo o País e a estimativa é atender 180 mil micro e pequenos empresários. A linha é destinada a capital de giro para empresas que faturam até R$ 4,8 milhões por ano e o limite de financiamento é de até 30% da receita bruta de 2019 informada à Receita Federal.  

Serão oito meses de carência e 28 meses para pagamento, com taxa de juros equivalente à Selic (2,25%) mais 1,25% ao ano. “Já estamos recebendo as intenções, 1.260 empresas já nos procuraram e dois clientes já foram atendidos”, afirmou Grando.

DIFICULDADES

A maior dificuldade apontada pelo setor produtivo é para oferecer as garantias necessárias para a tomada de empréstimos. O Pronampe oferece a disponibilidade de R$ 15,9 bilhões em garantias do governo federal para empréstimo e a obrigatoriedade da manutenção dos empregos pelos empresários que aderirem ao programa.

“O Pronampe apresenta uma inovação importante, que é o fundo garantidor, pois muitos desses empresários não têm condições de apresentar garantias ao sistema bancário e o governo Federal criou essa solução para que o crédito chegue a quem mais precisa neste momento”, destaca o secretário Jaime Verruck.

O primeiro-secretário da Associação Comercial e Industrial de Campo Grande, Roberto Oshiro, afirmou que há ainda dificuldade de os comerciantes acessarem o crédito. “Continua difícil, as instituições financeiras estão dificultando. Apenas 10% dos empresários estão conseguindo acessar, de fato ainda não está chegando à ponta. Não tem motivos mais para que os bancos neguem o crédito, depois da criação dessa sistemática do governo com o fundo garantidor”.  

ESPERANÇA

De acordo com o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL-CG), Adelaido Vila, atualmente, os comerciantes não conseguem acessar o crédito, mas, com as novas linhas, o comerciante tem uma nova esperança.  

“É a expectativa de salvação de grande parte das empresas do nosso setor, porque aquele que não tem grande condição e já vinha de uma série de dificuldades financeiras, ele não tinha como ter acesso ao crédito. Esse programa [Pronampe] é muito importante, temos uma grande expectativa sobre ele de que ele realmente traga juros baixos, uma desburocratização para as micro, pequenas e médias empresas”, ressaltou Vila.  

No setor de bares e restaurantes, a situação não é diferente. O presidente da Associação de Bares e Restaurantes em Mato Grosso do Sul (Abrasel-MS), Juliano Wertheimer, afirma que, sem acesso ao crédito, 20% das empresas do segmento podem fechar.  

“As dificuldades continuam as mesmas, a gente ainda não conseguiu acessar nenhuma linha de crédito. Algumas empresas que tiveram dificuldade no pagamento de fornecedores e agora estão tentando a retomada das atividades também estão com dificuldade de reabrir o crédito com os fornecedores, por conta da inadimplência do início da pandemia. A situação é crítica, se não chegar o crédito acessível logo a gente vai ter uma expectativa de fechamento de até 20% dos bares e restaurantes de Campo Grande”, destacou.

Wertheimer ressalta ainda a importância do Pronampe para socorrer o setor. “O Pronampe foi liberado na semana passada para quem fatura até R$ 360 mil por ano, que são os micro; agora, a promessa é de que as empresas de R$ 360 mil até R$ 4,8 milhões vão poder acessar. Esperamos que venham boas notícias”, disse.