Proposta do grupo é que lei permita a pesca, mas proíba que o pescador leve o peixe para casa

Empresários do turismo querem pesca livre o ano todo no Estado

Mato Grosso do Sul é um dos cenários preferidos de pescadores esportivos do Brasil. Durante anos, a fama de que aqui “peixe pula alto”, trouxe para o Estado, especialmente ao município de Corumbá, de 25 mil a 55 mil pescadores por ano. Mas, empresários do setor já perceberam uma redução destes números, sob constatação dos próprios turistas: o estoque pesqueiro dos rios do Estado diminuiu. 

Empresários temem que, caso nenhuma medida seja tomada, além do fim da pesca esportiva no Estado, diversas espécies de peixes sejam extintas, por isso, iniciaram uma campanha para mudar a legislação que regulamenta a pesca em Mato Grosso do Sul. O objetivo é preservar a fartura de peixes, além do trade turístico local, propondo a modalidade ‘pesque, mas não leve’. 

De acordo com o empresário Luiz Antonio Martins, que há 35 anos trabalha com o setor hoteleiro e de embarcações em Corumbá, a proposta do grupo é que a legislação permita a pesca nos rios de MS durante todo o ano, mas proíba que o pescador leve o peixe para casa. A modalidade seria semelhante a ‘pesque e solte’, com a diferença de que o peixe poderá ser consumido ou comercializado dentro da área onde for capturado. “Esse peixe não sairia do município onde foi pescado, poderia ser comercializado na área e também consumido entre os pescadores até mesmo no barranco, mas não transportado para outros estado. Com isso, a gente teria uma diminuição de 50% de estoque do pescado que sairia do rio”, explica.

Atualmente, Mato Grosso do Sul tem um período de defeso para reprodução dos peixes (quando a pesca é proibida em todos os rios do Estado). Durante quase quatro meses, entre outubro e fevereiro, as principais espécies comerciais dos rios do Estado (pacu, pintado, cachara, curimba e dourado) estão protegidas para fazer a longa viagem em direção às cabeceiras e se reproduzirem. Espetáculo que ganhou o nome na língua tupi de piracema (saída de peixes). 

No entanto, passado o período, a pesca é liberada nos rios do Estado e cada pescador pode transportar até 10 quilos de peixe, mais um exemplar de qualquer espécie, além de cinco exemplares de Piranha.

“É uma questão de futuro, se continuar da maneira como está, dentro de poucos anos nos teremos problema de estoque de peixe em todos os rios de MS. Somos um dos estado que tem um grande potencial de pesca esportiva, mas estamos perdendo muitos grupos de pesca porque o peixe está acabando, já não tem mais peixe. Sendo que em outros locais os governantes já criaram essa mentalidade e mudaram as regras. Hoje nós estamos perdendo turistas para esses concorrentes”, considera o empresário.

Para a empresária Joice Cara Santana Marques, que há 19 anos conduz uma empresa de turismo, a proposta de mudança na lei seria semelhante a que foi adotada em outros estados do Brasil, além da Argentina e Paraguai. “Na realidade, a gente não estaria criando nada novo, porque tem muito estado que já proibiu o transporte do pescado. Até o turista vem mudando de comportamento e pedindo isso, ele pede pra gente tomar conta, tomar cuidado, para que o peixe não deixe de existir”, explica.

O Correio do Estado questionou o governo do Estado sobre a possibilidade de implantação da modalidade em Mato Grosso do Sul. No entanto, segundo a bióloga Fânia Lopes de Ramires Campos, fiscal ambiental responsável pelo setor de Pesca do Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), não há estudos do setor público para implementação dessa modalidade. “Tecnicamente, não recomendamos essa prática em outros locais no período de defeso”, afirmou. (Colaborou Tainá Jara)