Nascido em Dourados em 1º de novembro de 1979, Rondineli concluiu o ensino médio e se tornou mecânico. Mas foi no tráfico de drogas que ele virou milionário.

Em sete anos, “patrão do tráfico” foi de mecânico a dono de R$ 15 milhões
Rondineli desce de viatura ao chega à sede da Defron em Dourados. / Foto: Divulgação

Até a manhã desta sexta-feira (3), quando foi preso com a mulher em seu sítio, Rondineli Amarila Herrera, 42, tinha apenas dois registros na polícia o primeiro por se envolver numa briga com troca de tiros em 2011 e outro por porte ilegal de arma (foi preso com um revólver calibre 38, em 2014).

Nascido em Dourados em 1º de novembro de 1979, Rondineli concluiu o ensino médio e se tornou mecânico. Mas foi no tráfico de drogas que ele virou milionário.

Dono de transportadora com frota de carretas, de propriedades rurais e de imóveis em Maracaju (maior produtor de soja de MS), Rondineli Amarila Herrera é o “patrão', o chefe do bem estruturado esquema de tráfico de maconha desarticulado no âmbito da Operação El Patrón, deflagrada hoje pela Defron (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Fronteira).

Pelo menos R$ 15 milhões em bens foram confiscados hoje por determinação da Justiça, entre os quais nove veículos, sendo três carretas, e outros patrimônios avaliados em R$ 10 milhões serão sequestrados nos próximos dias.

Além de Rondineli, outras seis pessoas tiveram a prisão preventiva decretada e foram recolhidas hoje. O Campo Grande News apurou que entre elas estão a mulher dele, o irmão dele, Rafael Amarila Herrera, o primo e o pai, Paulo Antonio Herrera.

Um funcionário do traficante, que guardava o armamento do patrão, foi preso em flagrante por porte ilegal de armas. Foram apreendidas 9 armas de fogo, entre elas um fuzil marca Ruger calibre 5,56 com munições.

Prostituta de luxo – A quadrilha chefiada por Rondineli ficou conhecida por enviar grandes cargas de maconha para outros estados brasileiros através de sofisticado esquema de comunicação que incluía a instalação de rádios ocultos no painel dos caminhões.

Durante a investigação, a polícia descobriu que para comemorar a entrega de 23 toneladas de maconha em São Paulo, Rondineli contratou uma prostituta de luxo na capital paulista por R$ 5 mil e ainda pagou as passagens aéreas para ela passar uma noite com ele em Campo Grande.

Traficante independente, Rondineli cresceu como fornecedor de maconha sem precisar se aliar às facções criminosas, situação bastante comum na fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai. Com apoio dos familiares e usando “laranjas' para ocultar o patrimônio, se tornou o “Patrão', referência usada pela Defron para nomear a operação de hoje.

Carga recorde – Mas no submundo até os mais bem engenhosos esquemas criminosos um dia desmoronam. E a queda do império do “Patrão' começou no dia 26 de agosto de 2020, em uma estrada vicinal de Maracaju.

Policiais do DOF interceptaram uma carreta bitrem com 33 toneladas de maconha, até então a maior carga da droga já apreendida na história do País (o recorde foi quebrado em julho deste ano, 36,5 toneladas).

O motorista da carreta, Nilson Fernandes dos Santos Junior, 41, fugiu para o mato mas foi localizado dias depois em Nova Mutum (MT).

Luciano Roberto Herrera, 46, e Moisés Ramires de Souza Filho, 26, que faziam o serviço de batedores da carga, foram presos. Luciano é tio de Rondineli Herrera. Em junho deste ano os três foram condenados a penas superiores a 18 anos de reclusão.

A investigação policial descobriu que no dia da apreensão, Rondineli estava envolvido diretamente na remessa da droga, monitorando a carga do momento em que saiu de seu sítio no município de Rio Brilhante até o ponto em que foi interceptada pelo DOF.

Mais provas – A Defron informou que durante as buscas de hoje foram colhidas provas do tráfico de drogas em larga escala, sempre com carregamentos acima de 10 toneladas.

Também foram obtidos dados que levarão ao bloqueio pelo menos uma dezena de imóveis registrados em nome de “laranjas'. Com o sequestro desses bens, o valor do patrimônio confiscado pode chegar a R$ 25 milhões.

A Justiça também decretou o bloqueio de 12 contas bancárias dos investigados. A Defron aguarda os relatórios dos bancos para saber o valor colocado em indisponibilidade.