No ano passado, casos chegaram a 82; sete pessoas morreram

Em MS, 6 casos de leishmaniose foram confirmados só em janeiro
A doença é provocada por insetos conhecidos popularmente como mosquito palha entre outros / Foto: Divulgação

Neste mês ao todo seis casos de leishmaniose já foram confirmados em humanos de acordo com o Centro de Controle de Zoonoses. No ano passado, Mato Grosso do Sul registrou 82 casos confirmados, sendo desses, sete pessoas não resistiram ao tratamento e morreram conforme apontou a Secretaria de Estado de Saúde (SES). De acordo com o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), os casos confirmados foram registrados em Bataguassu (1), Paranaíba (1), Aquidauana(2) e Campo Grande (2).

Segundo a gerente técnica do Centro de Zoonoses, Stephanie Ballatore, Mato Grosso do Sul é um estado endêmico para a doença, então não há risco de surtos na região. No entanto, é necessário que a população cuide de forma correta do quintal e dos animais de estimação que são infectados primeiro. “Para cães ainda, existem outras medidas, como utilização de coleiras impregnadas com inseticida que protegem o cão por 4-8 meses, medicação pronta e, também, a vacina que garante uma proteção de 70%", disse. 

Ainda de acordo com a técnica, no estado, como também ocorre no resto do Brasil, há muitos casos de pacientes coinfectados LV-HIV/AIDS. “É uma doença que acomete mais a população imunossuprimida: idosos, crianças e pessoas com algum tipo de comorbidade que compromete sua imunidade. Porque a taxa de coinfecção no estado chega a 18%. Então é importante voltarmos a falar sobre a AIDS”, finalizou.

DOENÇA
A leishmaniose visceral é uma doença infecciosa sistêmica, caracterizada por febre de longa duração, aumento do fígado e baço, perda de peso, fraqueza, redução da força muscular, anemia e outras manifestações. Os transmissores são insetos conhecidos popularmente como mosquito palha, asa-dura, tatuquiras, birigui, dentre outros. A transmissão acontece quando fêmeas infectadas picam cães ou outros animais infectados, e depois picam o homem, transmitindo o protozoário Leishmania chagasi.

CASOS
Um menino de 5 anos foi diagnosticado com suspeito de leishmaniose e foi encaminhado para a Santa Casa, onde passou exames. Laudo do exame confirmou a leishmaniose e, após seis dias na Santa Casa, a criança foi transferida para o Hospital Universitário (HU), onde há infectologista pediátrico. No hospital, o menino passou por transfusão de sangue, recebeu alta e continua o tratamento em casa com remédios.

Outro caso de leishmaniose confirmado neste ano, conforme a SES, é de uma criança de 3 anos, que não teve a identidade divulgada. Ela está em tratamento na cidade onde mora em Paranaíba.

SINTOMAS E TRATAMENTO
De acordo com o Ministério da Saúde, os sintomas da Leishmaniose são febre irregular, prolongada, anemia, indisposição, palidez da pele e ou das mucosas, falta de apetite, perda de peso e inchaço do abdômen devido ao aumento do fígado e do baço. Apesar de grave, a leishmaniose tem tratamento para os humanos, que é gratuito e está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). A pessoa que sentir qualquer sintoma deve procurar uma unidade de saúde o mais rápido possível.

Atualmente, existe uma vacina anti leishmaniose visceral canina em comercialização no Brasil. Os resultados do estudo apresentado pelo laboratório produtor da vacina atendeu às exigências da Instrução Normativa Interministerial número 31 de 09 de julho de 2007, o que resultou na manutenção de seu registro pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. No entanto, não existem estudos que comprovem a efetividade do uso dessa vacina na redução da incidência da leishmaniose visceral em humanos. Dessa forma, o seu uso está restrito à proteção individual dos cães e não como uma ferramenta de saúde pública.

COMO PREVENIR
A prevenção ocorre por meio do combate ao inseto transmissor. É possível mantê-lo longe, especialmente mantendo a higiene ambiental regularmente. Essa limpeza deve ser feita periodicamente nos quintais, com a  retirada de folhas, frutos, fezes de animais e outros entulhos que favoreçam a umidade do solo, locais onde os mosquitos se desenvolvem, destinar corretamente o lixo orgânico, a fim de impedir o desenvolvimento das larvas dos mosquitos e limpeza dos abrigos de animais domésticos, além da manutenção de animais distantes das residências, especialmente durante a noite, a fim de reduzir a atração do inseto transmissor para dentro de casa.