Mãe de Henry volta atrás e relata agressões de Jairinho

 Em carta, Monique muda versão

Presa pela morte do próprio filho, o menino Henry Borel, Monique Medeiros, escreveu uma carta de 29 páginas aos advogados que optaram por divulgar tudo que Monique alega sobre o crime depois de a polícia dar sinais claros de que não colheria um novo depoimento dela.

A carta relata desde a turbulenta separação com o pai de Henry, Leniel, com quem Monique manteve um relacionamento ao longo de dez anos, até o dia da morte do filho dos dois, a madrugada do último 8 de março.

'Lembro de ser acordada no meio da madrugada sendo enforcada enquanto eu dormia na cama ao lado do meu filho. Quase sem ar, ele jogou o telefone em cima de mim perguntando, me xingando, me ofendendo, o porquê eu não estava atendendo ele e do porquê eu tinha respondido uma mensagem do Leniel (onde eu chamava de 'Lê' e ele me chamava de 'Nique'.', descreve Monique sobre o que seria um dos episódios de violência de Jairinho.

Em outro trecho, Monique conta que em janeiro, logo após eles terem se mudado para um condomínio na Barra da Tijuca para morarem juntos '[Henry] chegou dizendo que o tio tinha dado uma 'banda' nele e uma 'moca'. Fui até a sala perguntando o que tinha acontecido e Jairinho disse que ele era um 'bobalhão' (...) que era só uma brincadeira'. Ela diz que pediu a Jairinho que ele pedisse desculpas ao filho e que não mais o chamasse assim.

À CNN, o advogado de Monique, Thiago Minagé, disse que ainda espera o depoimento da cliente. “Ao ler a carta, me pergunto: seria irresponsabilidade ou algum interesse escuso a negativa de não ouvir Monique novamente? A quem interessa o silêncio de Monique?”, afirmou. Ele não explicou como pretende usar a carta como prova.

'Preciso prestar novo depoimento, pois fui orientada a mentir sobre a morte do meu filho. Fui treinada por dias pra contar uma versão mentirosa por me convencerem de que eu não teria como pagar um advogado de defesa e que eu deveria proteger o Jairinho já que ele se dizia inocente', diz Monique no fim da carta.

A noite da morte de Henry 

Na carta, Monique afirma que depois que Leniel entregou o filho para ela no domingo à noite, ela o fez dormir e foi assistir TV com Jairinho, e que Henry acordou três vezes. Ela diz que levou o filho novamente para a cama todas elas e por volta da 1h30min foi conduzida por Jairinho até o quarto de hóspedes e tomou remédios para dormir que ele havia entregue para ela.  'De madrugada ele me acordou dizendo para eu ir até o quarto, que ele pegou Henry do cão, o colocou na cama e que meu filho estava respirando mal. Fui correndo até o quarto, meu filho estava de barriga para cima, descoberto, com a boca averta, olhos olhando para o nada e pensei que tivesse desmaiado. Pedi pro Jairinho olhar ele, mas ele passou por nós pra ir até o banheiro! (...) Então envolvi Henry numa manta e corremos para a emergência', escreve ela.

A carta termina quando ela relatava o momento em que estavam no Hospital Barra D'Or, para onde Henry foi levado de madrugada e onde tentaram ressucitá-lo. 'Na emergência do hospital foram os minutos, segundos e horas mais desesperadoras que eu já pude vivenciar na vida. Eu orava, ajoelhava, implorava', e a carta termina. Abaixo, ela assina com a data de sexta-feira, 23/04, quando o documento foi entregue aos advogados.