Prática contribui para qualidade de vida.

Em alta, meditar ajuda a aliviar dores e estresse
Edilene e Ordylette encontraram ainda, uma forma de recomeçar a carreira. / Foto: Bruno Henrique / Correio do Estado

Edilene Ocampos Gonçalves de Lima, 58 anos, percorreu um longo caminho até encontrar a meditação perfeita para o seu estilo de vida. Ativa em esportes, com uma juventude dedicada ao handebol – que resultou em uma cirurgia no joelho –, ela recebeu com apreensão o diagnóstico de artrose e quatro hérnias de disco na maturidade.

Com o desejo de envelhecer com saúde, Edilene percorreu um longo caminho até encontrar na meditação uma maneira de encarar os desafios dos diagnósticos médicos. “Hoje, eu não tomo remédio, só faço a meditação e ainda ando de bicicleta. A meditação me auxilia muito a não deixar a dor tomar conta, a não me desesperar. Meditar me ajuda a ter um outro olhar em relação a essas dores”, explica. 

A meditação surgiu na vida de Edilene há quinze anos, durante as aulas de ioga, uma prática indiana que alia as asanas – as posturas físicas – com práticas meditativas, normalmente relacionadas a exercícios de respiração.

“Eu medito há quinze anos mais ou menos e a primeira vez que aprendi algumas técnicas foi com um professor de ioga. Depois, acredito que em 2014, eu fui em um retiro de nobre silêncio, em que você recebe o conhecimento e medita seguindo as orientações de um professor ou de um monge”. 

Apesar de a meditação não ter relação com uma religião específica, Edilene segue os preceitos do vipassana, aliado ao budismo theravada. “Acabou sendo o meu número da meditação justamente por iluminar a consciência através do autoconhecimento, desenvolvendo a concentração e a dedicação, ou seja, vivendo a vida a hora que a vida acontece. Estar íntegro naquele momento, não deixar que as emoções levem você”, ressalta.

Nessa concepção, a meditação desmistifica o uso de elementos externos para a prática. “Você desenvolve a concentração por meio de uma função biológica, que é a respiração, a primeira e a última função que você exerce no mundo”, indica.

Edilene atua como instrutora de meditação no Espaço Meditativa, ao lado de Ordylette Gomes Penque, 68 anos. As duas descobriram na meditação, além de um estilo de vida, uma forma de recomeçar a carreira. “Sou formada em economia. Trabalhei em um banco durante muitos anos. Mas meu sogro era budista e, lendo alguns livros dele, eu comecei a me interessar pela meditação, principalmente a vipassana, que é relacionada ao budismo”, esclarece Ordylette.

Em 2010, Ordylette resolveu alugar um espaço para ter onde meditar com as amigas. “Nós fazíamos as reuniões sempre na casa de alguém, mas não era o ideal. Começamos a alugar o espaço. Sempre procurei me aperfeiçoar; fiz um curso de um ano e meio, fui praticando em retiros, com monges, tirando dúvidas, lendo muitos livros até chegar também em outras técnicas, como o mindfulness”, indica.

Independentemente da técnica, a meditação ganhou o aval científico nos últimos anos, com efeitos positivos comprovados em várias áreas do corpo humano, como a melhora na concentração, coordenação motora, memória, aceleração do metabolismo e, claro, no relaxamento. Essa combinação auxilia no combate ao estresse e da ansiedade, tão presentes no cotidiano do novo século. 

Para a professora de ioga Fabrícia Sampaio, as técnicas de meditações atuais são muito semelhantes e se baseiam nos textos védicos, que estão também na origem do ioga. “Os objetivos dessas meditações são os mesmos. A técnica é basicamente a mesma, no fim das contas. O propósito é ver a realidade como ela é. As meditações buscam o silêncio, buscam acalmar a mente, remover o véu de ilusão, a visão que temos da nossa personalidade e, consequentemente, de tudo que está ao nosso redor”, acredita. 

Mindfulness

Prática cada vez mais difundida, o termo mindfulness – ou “atenção plena” – designa uma série de técnicas ou exercícios mentais elaborados em programas de treinamento mental. A técnica é baseada na meditação oriental, mas foi ocidentalizada nos anos 1970 por Jon Kabat-Zinn, na época, professor da Universidade de Massachusetts.

“O mindfulness segue um protocolo científico. Aqui, por exemplo, teremos um programa com duração de oito semanas, em que a pessoa pratica uma vez por semana, e também tem a autogestão, que é permanecer na atenção plena durante o cotidiano”, indica Ordylette. No Meditativa, ela ensina tanto a técnica de mindfulness quanto de vipassana, com três aulas semanais e sem um preço fixo de mensalidade, mas de acordo com o que o aluno pode contribuir.

Porém, informação sobre a prática é o que não falta em livrarias e na internet, com incentivos a conquistar a atenção plena em exercícios diários durante a alimentação ou no simples ato de respirar.