Para o soldado Vital, que trabalhou na cozinha, a missão foi uma forma de retribuir o que fizeram por ele aos 10 anos de idade, quando foi diagnosticado com câncer.

Soldado Vital em missão de acolhida a imigrantes em Roraima: "Impossível voltar com a mesma mentalidade". / Foto: Arquivo pessoal

Soldados do Comando Militar do Oeste (CMO) chegaram a Campo Grande (MS) nesta terça-feira (30) após 3 meses em Roraima (RR), na "Operação Acolhida". Cerca de 240 militares embarcaram para a missão no dia 25 de janeiro, onde auxiliaram em atendimentos de recepção a imigrantes venezuelanos que chegavam ao Brasil.

No grupo, estava Wellington Vital, soldado de 22 anos, que viu a operação como uma forma de retribuir o que fizeram por ele aos 10 anos de idade. À época, ele foi diagnosticado com um tumor no olho direito e recebeu muita ajuda para conseguir recuperar-se. Ele conta que o contato com os venezuelanos e suas histórias mudou seu modo de pensar:

“É um choque de realidade, você chega em um local onde pessoas perderam tudo. É impossível voltar com a mesma mentalidade”.
 
Ao G1, o jovem que ajudava no preparo e distribuição de alimentos para os imigrantes e soldados, conta que aprendeu a ter empatia com outras pessoas a partir da experiência, principalmente em relação ao desperdício de comida.

“Nós somos abençoados, é difícil imaginar ter tudo, e no outro dia ter que sair do seu país para sobreviver. Muitas pessoas não entendem esse trabalho, mas ajudar a quem precisa é muito, muito importante”.
 
Ele ainda lembra que as dificuldades enfrentadas e a saudade da família, eram recompensadas por ver sorrisos e esperança a cada vez que distribuía lanches e refeições:

"O sentimento de gratidão por ajudar ao próximo me marcou para o resto da vida", finaliza.