Ao lado do filho Mauro Sousa, o criador da Turma da Mônica comenta os 60 anos do estúdio da família, novos lançamentos da marca e diz que olhando para trás, tudo valeu a pena

"É importante ter um posicionamento e uma maneira de falar para as crianças sobre a diversidade do nosso país, diz Mauricio de Souza
Mauricio de Sousa em evento sobre a nova peça da Turma da Mônica, 'Brasilis' / Foto: Rodolfo Magalhães

Fãs de Mauricio de Sousa, preparem-se! Prestes a completar 60 anos desde a publicação da primeira história da Turma da Mônica, em julho de 1959, a Mauricio de Sousa Produções (MSP) vem investindo cada vez mais em novos projetos e formatos para expandir o universo dos quadrinhos. Com o primeiro filme live-action da turmapronto para chegar às salas de cinema no dia 27 de junho, o estúdio também vai encher os palcos de teatro com a peça 'Brasilis', a partir do dia 29, no Teatro Opus (SP), falando sobre diversidade cultural para crianças.

Em entrevista à CRESCER durante o evento de divulgação do espetáculo, o criador dos personagens mais queridos dos quadrinhos, Maurício de Sousa, e seu filho Mauro Sousa, diretor da peça e da Mauricio de Sousa Ao Vivo, comentam os 60 anos da MSP e o que podemos aguardar dos novos projetos da Turma da Mônica.

Maurício, depois de criar dezenas de personagens que fizeram parte da infância de tantas gerações, como é ver a MSP completando 60 anos de história?

Maurício de Sousa: Nesses momentos que eu vejo que tudo valeu a pena. Os cursos e percurssos pelos quais tive que passar, da implantação do nosso negócio ao desenvolvimento permanente do nosso trabalho. Aos pouquinhos e ao longo desses 60 anos, todo o esforço gerou um crescimento que nos permite que a gente saia das histórias em quadrinhos. Ou melhor, que nós não fiquemos só nelas! Que a Turma da Mônica vá para o teatro, o cinema, o desenho animado, a área social. É importante que entremos nas escolas, trabalhemos com os alunos. Já fomos até para outros países, transmitimos a nossa mensagem. Tudo está valendo a pena, principlamente quando o trabalho é coroado com projetos emocionantes como os que estamos vendo hoje, com o filme Turma da Mônica - Laços e com a peça Brasilis. Felizmente, eu tenho uma equipe de filhos maravilhosa também e que não vai parar por aqui. Não dá pra parar. Modéstia à parte, é tão bonito o que a gente faz...

Para vocês, que tem formado leitores há seis décadas, qual é a importância de, nesta nova peça da Turma da Mônica, discutir a diversidade cultural brasileira com as crianças desta geração?

Mauro Sousa: Essa discussão é extremamente importante, uma vez que ela veio à tona e é comentada a todo momento. As crianças ouvem falar sobre isso de um jeito ou de outro e, sabendo da responsabilidade que nós temos, da voz que temos, achamos importante ter um posicionamento e uma maneira de falar sobre a diversidade do nosso país. O espetáculo Brasilis é a forma que nós encontramos para tratar essa mistura da cultura afrobrasileira, indígena e europeia que está ao nosso redor, no nosso dia a dia. De forma lúdica, fácil, tranquila, divertida, correta, respeitosa e amorosa, a peça conversa com as crianças para valorizar cada uma dessas raízes.

De que forma os pais podem começar a abordar o tema com as crianças?

Mauro: Acho essencial estar cercado de pessoas que não só saibam falar sobre o assunto, mas que vivam essa realidade também. No caso do espetáculo, eu contei com a participação de consultores que me ajudaram a entender e adaptar essas questões para as crianças. O Rafael Calça, autor da graphic novel Jeremias - Pele, nos ajudou a construir uma peça que respeitasse e representasse bem a cultura africana, assim como a Katú Mirim e o Denilson Baniwa contribuiram para a abordagem da cultura indígena. Eu precisava deles ao meu lado para realmente entender como me posicionar e falar da melhor maneira sobre esses assuntos. Eles estão sendo as vozes desta empreitada.

Maurício: Meu conselho é ouvir as histórias que as pessoas têm para contar. Se você quer falar sobre questões indígenas, por exemplo, procure conhecer uma comunidade.

E como é ver a Turma da Mônica orginal ganhar personagens novos e mais diversos?

Maurício: Eu gosto de casa cheia! [risos] Aprendemos muito com isso. E até mesmo a interação entre esses personagens enriquece muito o mundo dos quadrinhos. É uma profusão de informações, de personalidades, de propostas. Tudo isso enriquece muito o nosso trabalho e o nosso estúdio, em todos os níveis.