Aos 74 anos, Maria da Conceição convive com dores, fraqueza e sangramentos enquanto aguarda pela retirada do útero

Diagnosticada com câncer, idosa espera cirurgia vital na Santa Casa de Campo Grande
Aos 74 anos, Maria da Conceição convive com dores, fraqueza e sangramentos enquanto aguarda pela retirada do útero / Foto: Maria da Conceição (Arquivo pessoal)

Diagnosticada com câncer de colo do útero, a aposentada Maria da Conceição Vieira, 74 anos, vive uma corrida contra o tempo enquanto espera por uma vaga para realizar a histerectomia, cirurgia de retirada do útero. O procedimento é considerada fundamental para seu tratamento.

A filha, Deizy Mara, explica que desde abril deste ano Maria enfrenta um quadro grave de sangramentos contínuos, fraqueza intensa e dores constantes. Em agosto ela recebeu a indicação para a cirurgia, mas desde então segue na fila de espera.

“Ela sente muita fraqueza e muitas dores, e o sangramento só aumenta. Para ter ideia, nem mesmo um absorvente noturno consegue conter o sangramento”, relata.

Outra preocupação que aflige a família é a validade dos exames pré-operatórios. Segundo Deiyze, alguns exames já realizados possuem data de validade e caso a demora persista podem precisar ser refeitos.

“Os exames de risco cirúrgico estão todos prontos, mas isso tem validade dependendo do tempo ela terá que refazer todos eles”.

Enquanto aguarda o procedimento, Maria faz o uso de medicamentos contínuos para aliviar a dor que custam cerca de R$ 53 por caixa. Para arcar com os gastos, familiares e amigos têm organizado rifas e campanhas solidárias.

“Só o que ela recebe seria impossível, pois a renda dela vem da aposentadoria pelo BPC (Benefício de Prestação Continuada), somente um salário mínimo (R$ 1.518). A ajuda das pessoas está sendo fundamental”, afirma a filha.

O que diz a Santa Casa?
Em nota, a Santa Casa de Campo Grande informou que Maria passou por atendimento no dia 27 de agosto no ambulatório de oncologia, quando ocorreu a emissão de todos os documentos necessários para a cirurgia.

“A indicação cirúrgica ocorreu há cerca de 20 dias e, desde então, a paciente aguarda sua vez conforme a ordem cronológica de agendamento, seguindo o fluxo regular de atendimento”.

Câncer de colo do útero
Câncer no colo do útero (Renato Araújo/Agência Brasília)
O câncer do colo do útero é um dos tipos mais comuns de câncer ginecológico e está fortemente associado à infecção persistente pelo papilomavírus humano (HPV). A doença se desenvolve na parte inferior do útero, conhecida como colo do útero, que conecta o corpo do útero à vagina.

De acordo com o Inca (Instituto Nacional de Câncer), somente o HPV é responsável por 99,7% dos casos de câncer do colo do útero — o terceiro tipo mais incidente entre mulheres no Brasil, com estimativa de 17 mil novos diagnósticos por ano.

Prevenção
As principais medidas preventivas incluem:

Vacinação contra o HPV em meninas de 9 a 14 anos.
Realização periódica do exame Papanicolau, fundamental para detectar lesões precoces.
Uso de preservativos durante as relações sexuais.
Manutenção de hábitos saudáveis, como evitar o tabagismo e o consumo excessivo de álcool.
Consultas ginecológicas anuais, mesmo para mulheres já vacinadas.
No Brasil, a vacina contra o HPV é gratuita pelo SUS (Sistema Único de Saúde) desde 2013 para meninas até 14 anos. Além disso, o SUS passou a oferecer gradualmente um teste molecular para detecção do HPV e rastreamento do câncer do colo do útero, tecnologia capaz de identificar alterações até 10 anos antes do exame convencional.

Em Campo Grande, todas as 74 unidades da rede municipal de saúde oferecem o serviço de coleta de preventivo, feito via agendamento por demanda espontânea, ou seja, a mulher entre 25 e 64 anos que deseja fazer o exame deve ir até uma unidade de saúde.

Para agendar o exame de preventivo, a paciente deverá acessar o link http://agendeseupreventivo.campogrande.ms.gov.br/ disponível no site oficial da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde). Basta preencher o cadastro e buscar a data, horário e local desejado para fazer a coleta.